Muitos investidores, quer estejam começando ou que já possuem certa experiência no mercado de ações, gostam de saber a opinião de especialistas em economia e em investimentos antes de tomar uma decisão sobre onde aplicar o seu dinheiro.

Uma das ferramentas úteis nesse processo são as carteiras recomendadas e o BTG Pactual divulga algumas delas todos os meses, pensando em diferentes perfis de investidores. Nessa matéria, vamos trazer as 10 ações recomendadas por eles para o mês de junho, a chamada carteira 10SIM. Veja abaixo.

Objetivos da Carteira

Antes de trazer a lista dos ativos propriamente dita, precisamos esclarecer que essa carteira em específico, é uma carteira geral. O BTG também tem carteiras voltadas para Small Caps e para quem gosta de Dividendos.

Ela foi elaborada pelo time de estrategistas do Research do Banco BTG Pactual, com base em uma análise conjunta ao time de analistas, sem considerar necessariamente índices de referência ou liquidez.

Recuperação econômica vs. preocupações fiscais

Em sua análise o BTG disse esperar que o mercado permaneça volátil e negociando "de lado", aguardando decisão sobre o novo programa social ampliado e pagamento de precatórios.

"O mercado quer uma solução que respeite, tanto quanto possível, o teto de gastos (a poderosa, mas infelizmente única, âncora fiscal do Brasil). A decisão de preservar a regra do teto de gastos pode, por si só, ser suficiente para reacender a tendência de alta dos preços das ações", destaca.

Ações que voltam

Dentro desse cenário, o BTG procura manter um portfólio equilibrando, mas sempre buscando oportunidades. Seu foco, nesse mês, está em ações líquidas de empresas de qualidade. Assim, o Magazine Luiza (MGLU3) retorna após cair recentemente (caiu 25% no acumulado do ano), "enquanto continuamos otimistas com as perspectivas de longo prazo para o e-commerce brasileiro", disse o BTG.

Outra empresa que voltou foi a B3, que também apresentou queda de 31% em 2021. "Os volumes caíram recentemente, mas a correção da ação nos parece exagerada, e mais volatilidade pode impulsionar os volumes no curto prazo", destacou o BTG.

Novas na carteira

Gerdau e Vamos são as outras duas novas entrantes. Segundo a análise, as ações da Gerdau estão baratas (3,3x EV/EBITDA 2022) e sua receita está crescendo bem, inclusive porque os preços internacionais de aço estão bem sustentados pelas restrições de produção na China. Já a Vamos, segundo a analista, é uma ação que deve se beneficiar da penetração estruturalmente baixa do aluguel de caminhões no Brasil - a empresa espera aumentar sua frota 6x até 2025.

Para abrir espaço para essas mudanças, foram removidas da carteira as ações da Renner, BR Distribuidora, Equatorial e Oi.

As que se mantêm

Já as ações da Vale, WEG, Rede D’or, PAGS, Porto e Cyrela mantiveram suas vagas. Saiba mais abaixo.

Ações recomendadas

Então vamos às ações recomendadas. São elas:

  • Vale (VALE3)
  • Rede D’Or (RDOR3)
  • WEG (WEGE3)
  • PagSeguro (PAGS34)
  • Magazine Luiza (MGLU3)
  • B3 (B3SA3)
  • Cyrela (CYRE3)
  • Vamos (VAMO3)
  • Porto Seguro (PSSA3)
  • Gerdau (GGBR4)

Saiba um pouco mais sobre cada uma delas e veja a análise individual do BTG Pactual:

Vale (VALE3):

Apesar da volatilidade recente nos mercados de minério de ferro, continuamos a ver a Vale como uma das melhores empresas sob nossa cobertura. Com rendimentos de fluxo de caixa (free cash flow yield) próximo a 20% e alavancagem altamente contida (quase caixa líquido), esperamos retornos de caixa robustos nos próximos trimestres - dividend yield de ~8% apenas em setembro + programa de recompra sendo executado.

Na frente operacional, a empresa está a caminho de cumprir seu guidance de 315-335Mt em 2021 e continuar entregando crescimento e estabilidade de volumes no médio prazo. Em ESG, a administração continua gradualmente reduzindo o gap, mas esse processo ainda pode levar algum tempo.

Os preços do minério de ferro foram corrigidos nas últimas semanas, mas por enquanto, não vemos razão para rebaixar nossas estimativas para o ano (já modelamos para uma correção significativa nos preços). A Vale é negociada a 2,9x EV/EBITDA 22, um desconto de 25-30% para os pares australianos, o que consideramos excessivo.

Rede D’Or (RDOR3):

Momentum é o nome do jogo na área de saúde, e é exatamente por isso que decidimos manter a Rede D’Or em nosso portfólio 10SIM. Após fortes resultados do segundo trimestre (que foram novamente recordes), continuamos a ver um forte momento de M&A para a empresa - lembramos que desde seu primeiro pedido de IPO, ela já assinou acordos para adquirir 11 ativos, adicionando 1,67 mil leitos hospitalares, o que significa um taxa de execução acima do nível orientado durante seu IPO.

Valuation não é tão elevado quanto se pensa. Acreditamos que os (altos) múltiplos de negociação da empresa (22x EV/EBITDA 22 e 50x P/L 22) são bem merecidos, dadas suas fortes perspectivas de crescimento de lucros (crescimento de lucro por ação de 30% aa pelos próximos 3 anos), poder de lucro atraente e sólida estratégia de M&A. Acima de tudo, em tempos de forte volatilidade do mercado, sendo um vencedor a longo prazo, o RDOR deve se beneficiar do comportamento de "fuga para a ativos de maior qualidade" de investidores nos próximos meses.

WEG (WEGE3):

As ações da Weg caíram 22% desde seu pico em janeiro, o que parece exagerado, em nossa opinião. Esta recente queda está levando as ações da Weg a retomar níveis de valuation mais razoáveis, o que nos deixa entusiasmados com o nome.

A empresa registrou resultados impressionantes no segundo trimestre, superando nossas estimativas mais uma vez e reforçando seu desempenho resiliente. A Weg continua a se beneficiar da recuperação do equipamento de ciclo curto em meio à recuperação gradual da atividade e à resiliência do ciclo longo. Em uma abordagem estratégica, a Weg traz defensividade ao portfólio em caso de agravamento da crise hídrica, ao destacar a importância de diversificar a matriz energética do Brasil para outras fontes, como as fontes eólica e solar.

Olhando a longo prazo, a Weg está significativamente exposta à tendência de eletrificação da indústria automobilística, que foi acelerada com o surto da Covid como o exemplo de várias montadoras transferindo investimentos de veículos de combustão para elétricos (vendas de veículos elétricos no Brasil aumentaram 90% a/a no acumulado do ano, segundo a Anfavea).

PagSeguro (PAGS34):

A PagSeguro reportou um 2T21 melhor do que o esperado com o PagBank acelerando e a unidade adquirente tendo um desempenho muito bom. A receita líquida apresentou um crescimento muito forte, acima das nossas expectativas, e a empresa também revisou algumas estimativas em função da melhor visão para o ano que vem. Ainda vemos um oceano azul para PAGS no segmento de cauda longa, e parece que os hubs estão realmente se provando um bom investimento.

O banco também parece estar ganhando mais força, já com 11 milhões de clientes, mostrando tendências de melhora no 2T, em relação ao TPV (total payment volume - volume total de pagamentos transacionado) e receitas. Acreditamos que as ações estão sendo negociadas com valuation atrativo, principalmente se levarmos em consideração que o PagBank ainda gera um prejuízo líquido. Neste ponto, observamos condições do mercado precificar melhor o ativo, especialmente com Stone lutando em sua frente de crédito. Reiteramos nossa recomendação de Compra em PAGS.

Magazine Luiza (MGLU3):

Evoluindo de um varejista puramente offline para um verdadeiro modelo multicanal (Varejo físico + 1P) e, em seguida, para um marketplace multicanal (Varejo físico + 1P + 3P), com a empresa agora construindo um ecossistema completo (all commerce) considerando o continuado desenvolvimento de sua plataforma de pagamentos, a MGLU pavimentou o caminho para manter-se negociando em níveis muito mais elevados do que seus pares de varejo.

A tese de investimento envolve duas premissas principais: (i) o e-commerce continua crescendo a uma taxa secular, atingindo R$ 430 bilhões em 2025 (vs. R$ 155 bilhões em 2020); e (ii) uma tendência de consolidação à frente, com apenas alguns vencedores potenciais (como em mercados mais maduros).

Como já dissemos várias vezes, desde 2016, a MGLU está definida para ser um desses vencedores. Embora o curto prazo pareça menos brilhante para MGLU, dada a desaceleração em seu canal online, o legado da mudança digital dos consumidores, sua verdadeira proposta multicanal e investimentos recentes para impulsionar o engajamento da plataforma (serviços financeiros são um pilar fundamental) devem levá-lo a ter um desempenho superior em GMV e ser mais lucrativo nos próximos anos.

B3 (B3SA3):

A combinação de ruído recente em relação a mais concorrência entre as bolsas no Brasil, um cenário de taxa de juros mais alta e a última revisão na classificação de risco de certas contingências legais, estão muito provavelmente contribuindo para o desempenho fraco da B3.

Enquanto isso, a bolsa brasileira divulgou resultados decentes no segundo trimestre, após outro trimestre de intensa atividade de ECM - Equity capital markets. Embora os volumes no início do terceiro trimestre tenham desacelerado, o que já é esperado nesta época do ano, acreditamos que ação está atrativa nos níveis atuais, negociando abaixo de 19x P/L 2022E. De fato, o fluxo de notícias e o ambiente econômico não são positivos para o caso de investimento, mas com a B3 caindo ~30% no acumulado do ano, reiteramos nossa recomendação de Compra.

Cyrela (CYRE3):

Acreditamos que a Cyrela oferece uma bela combinação de forte crescimento e elevados pagamentos de dividendos - a empresa cresceu 35% a/a em 2020, e esperamos que continue crescendo em 2021, enquanto acreditamos que as joint ventures da Cyrela (Lavvi, Cury e Plano & Plano) também devem crescer muito. As fortes vendas de imóveis foram impulsionadas principalmente por baixas taxas de financiamento imobiliário.

Reconhecemos que a Cyrela está bem posicionada para surfar o bom momento do setor imobiliário, pois: (i) a empresa possui marcas diferentes atendendo a todos os segmentos de renda; (ii) planeja crescer lançamentos em dois dígitos baixos em 2021; (iii) depois de distribuir R$ 700 milhões em dividendos no ano passado, a distribuição de dividendos deve ser sólida neste ano, assim como a empresa está desalavancada (esperamos dividend yield de um dígito alto); e (iv) a valuation parece atraente (8,5x P/L 2021E e 6,0x 2022E), principalmente em um cenário onde as vendas de residências permanecem sólidas e lançamentos crescem. Mediante uma perspectiva positiva, mantemos a Cyrela em nosso portfólio 10SIM.

Vamos (VAMO3):

Estamos otimistas com a tese de crescimento da Vamos para os próximos anos, beneficiada por uma penetração estruturalmente mais baixa do aluguel de caminhões no Brasil. Acreditamos que esse segmento deve se expandir substancialmente mediante menor custo de capital e crescente conscientização sobre os benefícios da terceirização de veículos.

Mais recentemente, a Vamos tornou pública sua meta de longo prazo de aumentar sua frota 6x até 2025, implicando em uma frota total de aproximadamente 100 mil caminhões (consistentemente acima das nossas estimativas do Consenso). Durante o ano, a empresa também cresceu bem acima das expectativas, tanto na perspectiva orgânica quanto na inorgânica (a empresa entregou 4 fusões e aquisições desde o IPO).

Além disso, a Vamos se beneficia da menor oferta de veículos novos, em função da escassez de autopeças, acelerando a penetração da terceirização de frotas no país. Lembramos que a penetração da frota de aluguel de caminhões no Brasil é de apenas 0,6% (20x menos vs. mercado dos EUA) e que a Vamos é a líder de mercado (com concorrência bastante pequena).

Em suma, as principais vantagens econômicas da empresa incluem: (i) melhores condições de compra (maior poder de barganha), impulsionadas por sua grande frota e taxa de crescimento rápido; (ii) capacidade comercial única, alavancada por seu controlador Simpar; e (iii) rede de vendas de ativos usados sem paralelo (= maior poder de precificação).

Porto Seguro (PSSA3):

A Porto Seguro reportou resultados decentes no segundo trimestre (especialmente considerando que outras seguradoras como Bradesco, Itaú e BB Seguridade tiveram dificuldades em suas carteiras de saúde e vida no último trimestre). A Porto Seguro costuma ter um desempenho superior no segmento automóvel, que esperamos que continue a ser a sua "vaca leiteira".

Além disso, a empresa vem encontrando novas formas de desbloquear valor, como os recentes acordos com PetLove e ConectCar. Além disso, Porto continua a ser um ação defensiva num ambiente de taxas de juro mais elevadas e volatilidade macro/política. Gostamos da assimetria das ações a preços atuais e reforçamos nossa visão positiva e classificação de Compra por enquanto. E com a narrativa mudando de uma "história de valor" para uma com oportunidades de crescimento mais fortes, vemos espaço para expansão de múltiplos.

Gerdau (GGBR4):

A Gerdau reúne uma série de qualidades que valorizamos: forte crescimento de receita, baixa alavancagem, geração de fluxo de caixa e atuação temática (imobiliária). Acreditamos na força estrutural do mercado imobiliário no Brasil e esperamos que a demanda por aços longos se transforme em uma história de crescimento de vários anos.

Acreditamos também que há um potencial positivo com a expansão da lucratividade nas operações nos Estados Unidos, especialmente com a aprovação de um pacote de infraestrutura, e vemos a Gerdau como uma das poucas ações beneficiadas no Ibovespa.

Em nossa opinião, as ações da Gerdau estão atualmente precificando uma queda significativa nos preços do aço nos próximos trimestres, o que vemos como muito agressivo. Gostaríamos também de ressaltar que esperamos que os lucros continuem melhorando à frente e os preços internacionais do aço sejam sustentados por conta das restrições à produção que estão sendo implementadas pelo governo chinês. Mesmo assumindo uma correção de -25% a/a no EBITDA para 2022 (conservador), a Gerdau ainda negocia a múltiplos baratos de 3,3x EV/EBITDA 22.

Essa são as 10 ações que o BTG PActual recomenda para o mês de setembro. Se você tem interesse em ver a análise completa, basta clicar aqui.

Bons investimentos!