No ano de 2021, o dólar está sendo um dos principais protagonistas da inflação brasileira. A moeda americana cresceu quase 30% em 2020 e se manteve acima dos R$ 5,00 durante quase todo esse período.
Dessa forma, a alta nos preços que parecia ser temporária, permaneceu por meses e chegou ao consumidor. Portanto, todos aqueles produtos que, quando chegamos no mercado, tiveram uma grande elevação em seus valores, ou como o combustível, sofreram os efeitos desse aumento do dólar.
Vamos entender como isso acontece?
Quais as 3 formas mais comuns em que o dólar impacta a inflação?
Desvalorização do real
O economista Fábio Romão, da LCA Consultores, explicou para o podcast Educação Financeira do site G1 esse conceito. Um exemplo que mais marcou os brasileiros foi o aumento dos preços dos combustíveis. Esse valor é formado pelo preço adotado pela Petrobras nas refinarias, somado aos tributos federais (PIS/Pasep, Cofins e Cide) e aos estaduais (ICMS). Também estão os custos de distribuição e revenda. Para a gasolina, existe o custo do etanol anidro. No diesel, há o biodiesel.
Mas o principal motivo para a alta da gasolina e do diesel vem sendo a desvalorização do real. O insumo tem seu preço vinculado ao dólar no mercado internacional e o dólar mais caro frente ao real faz essa alta ser "fortificada". Romão também ressalta que quando a Petrobras forma seus preços, ela se baseia na cotação internacional do petróleo, e também na evolução do câmbio. Caso ocorra uma desvalorização do real, ele se torna um gatilho para que os preços dos derivados do petróleo sejam reajustados.
Preço dos alimentos
Um outro ponto que sentimos muito no bolso esse ano foi a elevação dos preços dos alimentos. Quando os preços de commodities começam a ser valorizados no mercado internacional junto com uma queda do real, os produtores começam a exportar suas produções pois a vantagem é maior. Um exemplo é quando a oferta de milho e soja é reduzida, sobe o preço da ração animal, impactando no preço da carne.
Romão diz que, alguns índices que fazem a correção de preços também dependem da cotação do dólar e despejam inflação de forma rápida na economia. Esse é o caso do IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado).
De acordo com a FGV (Fundação Getúlio Vargas), em setembro o indicador caiu 0,64%. Porém, é a primeira deflação desde fevereiro de 2020. A "inflação do aluguel" acumulou alta de 24,86% em 12 meses, bem acima do IPCA.
Esses preços que são indexados ao IGP-M reagem de maneira rápida e intensa ao dólar.
3 formas mais comuns do dólar impactar a inflação
Vamos conferir quais as três formas que podem acarretar no aumento da inflação pelo dólar:
- Indiretamente: quando ocorrem o aumento de custos de produção que são repassados ao consumidor final;
- Diretamente: quando o mercado interno desabastece por meio do redirecionamento de vendas para exportação;
- Também indiretamente: quando a produtividade da indústria diminui, tornando o processo mais custoso e a despesa chegando no preço final.
Entrada indireta do dólar na inflação
Um exemplo para explicar como o dólar entra indiretamente na inflação é uma compra de máquina importada por uma indústria, tirando competitividade.
Quando há dificuldades de importá-la, fica mais difícil produzir o produto com menor custo, fazendo com que chegue nos preços.
A indústria brasileira vem sofrendo com falta de insumos, com o valor alto de energia, produção paralisada, famílias sem poder de compra.
Inclusive, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o setor diminuiu 0,2% no PIB do 2º trimestre deste ano.
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