3T21: o que esperar da temporada de resultados?

A partir da próxima semana deste mês de outubro, as empresas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) irão divulgar os resultados operacionais e financeiros relativos ao terceiro trimestre do ano (3T21), dando início a mais uma temporada de divulgação de relatórios e análises.

E, assim como no trimestre anterior, a expectativa para o 3º trimestre de 2021 segue alta, visto que serão divulgadas informações relevantes aos investidores e analistas que precisam acompanhar a saúde das empresas em meio ao cenário adverso no Brasil e no mundo.

Com os dados divulgados, será possível descobrir fatores importantes que podem influenciar em investimentos, como faturamento, lucro líquido, ebitda, dívidas e despesas da empresa no 3T21, dentre outros.

Mas o que devemos esperar dessa temporada de resultados? Quem deve ter saído ganhando ou perdendo do 3º trimestre? É certo que não há como adivinhar as respostas para tais perguntas, visto que há uma variedade imensa de fatores sobre os resultados de uma empresa - inclusive, imprevistos -, mas em uma perspectiva geral, pode-se traçar algumas projeções com base no atual cenário.

O que esperar do 3T21?

Quanto à pandemia

A principal expectativa dos resultados do 3º trimestre (3T21) segue sendo com o desempenho das empresas em meio à pandemia de covid-19, que trouxe o isolamento social e as restrições sanitárias. Isso porque, em meio a esse cenário, os empreendedores sentem dificuldades operacionais e, consequentemente, financeiras.

Muitas das empresas sequer conseguiram manter as portas abertas em um nível consistente para fazer vendas e prestar serviços nos últimos meses. Assim, neste momento, muitos se perguntam quais empresas da B3 conseguiram passar bem pela pandemia no terceiro trimestre.

Em geral, a situação não deve ser tão pior quanto foi no terceiro trimestre de 2020, por exemplo, visto que agora no 3T21 o mercado pôde colher frutos da vacinação da população brasileira que esteve - e está - em andamento e trouxe uma flexibilixação da quarentena, o que certamente deu um fôlego a muitas empresas.

Geralmente, na temporada de resultados as principais linhas de comparação são aquelas ano a ano. Desta forma, no 3T21 existe uma visão otimista em relação ao terceiro trimestre de 2020 (3T20).

De outro lado, mesmo com a vacinação de covid-19 em andamento, o que tem dado uma folga à quarentena em algumas regiões no país, é esperado que muitas empresas ainda tenham resultados negativos no terceiro trimestre, que compreende os meses de julho, agosto e setembro, devido a outros fatores, como o cenário de inflação e juros altos, bem como a desvalorização do real frente ao avanço do dólar, por exemplo.

Por sua vez, a empresa que se beneficia de tais fatores deverá apresentar resultados positivos no 3T21.

Quanto ao câmbio (dólar)

O dólar é um dos ativos que mais tiveram alta nos últimos meses. Superando expectativas, a moeda ultrapassou a marca de R$ 5 e assim ficou nos últimos meses, encerrando o 3T21 aos R$ 5,44.

Desta forma, com a alta do dólar, há sim as empresas que saem perdendo do trimestre. Entretanto, as players que ganham com a alta do dólar, mesmo do Brasil, sendo o caso das exportadoras de produtos, devem mostrar resultados satisfatórios nesse 3º trimestre.

Quanto ao cenário de juros e inflação

Assim como existem as empresas que ganham ou perdem com a alta do dólar, há as companhias que se beneficiam - ou não - da variação nas taxas de juros e inflação.

O terceiro trimestre (3T21) no Brasil foi encerrado por uma taxa básica de juros, a Selic, aos 6,25% ao ano. Mas não foi segredo; o mercado já previa um aumento na taxa pelo órgão do Banco Central como uma forma de controlar a inflação - que atinge níveis altos no país. Para o final de 2021, espera-se uma inflação de 8,59%, segundo o último Boletim Focus.

Nesse cenário, as empresas que ganham com a alta dos juros, como as que trabalham com seguros - produtos que ficam mais caros com juros altos -, bem como os bancos, devem apresentar resultados positivos no 3T21.

Quanto à digitalização

A pandemia de covid-19 acelerou um fenômeno que vinha sendo desenvolvido aos poucos nas empresas; a digitalização.

Devido ao isolamento, muitas empresas - incluindo companhias listadas na B3 - apostaram em transformação digital nos últimos meses, nas mais variadas formas, desde a aquisição e integração de plataformas até o desenvolvimento de novos modelos de negócios e de atividades, como o lançamento de aplicativos e o home office. Tudo para tentar ficar de pé durante a quarentena.

Nos últimos meses, os serviços financeiros digitais tomaram conta das instituições financeiras e os e-commerces são ativos importantes para as varejistas. As empresas que já atuavam por serviços digitais foram intensamente beneficiadas.

Apesar do avanço contra covid-19, essa transformação digital foi inserida nas empresas de forma consistente nos últimos meses, configurando novas formas de criar receita e otimizar processos, o que deve ser visto nos relatórios do 3º trimestre das companhias que se digitalizaram.

Para acompanhar a temporada de resultados do 3T21, deve-se saber quando cada empresa irá divulgar seu respectivo balanço, clique aqui e veja a agenda do 3º trimestre elaborada pelo Poupar Dinheiro.