A rede de varejo Americanas (AMER3) anunciou que seu Conselho de Administração em reunião realizada nesta segunda-feira, 16 de Janeiro de 2023, deliberou sobre a contratação do Rothschild & Co, que atuará como interlocutor da companhia na renegociação da dívida, a nível Brasil e internacional.
A notícia foi anunciada logo após a criação de Comitê Independente que vai trabalhar na investigação das inconsistências contábeis na ordem de R$ 20 bilhões.
"A Americanas reforça seu compromisso na busca de uma solução de curto prazo com os seus credores. Todos os órgãos sociais (conselho, diretoria e comitês) estão trabalhando conjuntamente com o objetivo de manter as operações da companhia de forma adequada", disse a empresa em documento (fato relevante) enviado ao mercado.
Americanas criou Comitê para apurar rombo bilionário
Um dia após o comunicado bombástico que aponta uma dívida bilionária não anotada em balanços, a Americanas (AMER3) anunciou ainda nesta quinta-feira, 12 de janeiro, que seu Conselho de Administração criou um Comitê Independente para apurar as circunstâncias que ocasionaram as inconsistências em lançamentos contábeis identificadas pela empresa.
Para formar o Comitê, a Americanas nomeou e apresentou os executivos que vão liderar a investigação do rombo de R$ 20 bilhões por meio de comunicado ao mercado. Conheça-os abaixo.
"O Comitê iniciará suas atividades com a maior brevidade possível e, ao final dos trabalhos de apuração, deverá apresentar suas conclusões ao Conselho de Administração da Companhia, para que este possa deliberar quanto às medidas necessárias", explica a Americanas.
Rombo bilionário da Americanas: quem são os executivos que investigarão o caso
A Americanas nomeou os seguintes executivos para a investigação interna: Otávio Yazbek como coordenador, Vanessa Claro Lopes e Pedro Melo.
Otávio Yazbek
Otávio Yazbek é sócio da Yazbek Advogados e atuou como Monitor Independente de Conformidade da empresa Odebrecht. Yazbek já participou de diversas instituições, sendo:
- Membro do Conselho de Autorregulação Bancária da Febraban;
- Membro do Comitê de Ética da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais - ANBIMA;
- Membro do Comitê de Auditoria do Itaú Unibanco (ITUB4);
- Membro do Conselho Editorial da Revista de Direito das Sociedades e dos Valores Mobiliários (RDSVM) e da Comissão Especial de Direito Societário do Conselho Federal da OAB.
O executivo atuou como Diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) entre 2009 e 2013. No mesmo período, foi ainda membro do Standing Committee on Supervisory and Regulatory Cooperation (Comitê de Supervisão e Cooperação Regulatória) do Financial Stability Board.
Foi Diretor de Autorregulação da BM&FBOVESPA e Diretor de Regulação da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) entre os anos de 2006 até 2008.
É bacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e Doutor em Direito Econômico pela mesma instituição.
Vanessa Claro Lopes
Com 20 anos de experiência profissional, além de Conselheiro Independente e Membro do Comitê de Auditoria da Americanas, Vanessa Claro Lopes atua em outras empresas.
Atualmente, Lopes é Coordenadora do Comitê de Auditoria da empresa Tegma, Membro do Conselho Fiscal da Cosan e da Comgás, Membro do Comitê de Auditoria, Riscos e Ética da Embraer, Membro Independente do Conselho de Administração e Membro do Comitê de Auditoria, Riscos e Ética da Afya Educacional e Membro Independente do Conselho de Administração e Coordenadora do Comitê de Auditoria da Light.
Foi Presidente do Conselho Fiscal da Via Varejo e ocupou o cargo de Diretora da Auditoria Interna Corporativa do Grupo TAM entre os anos de 2010 e 2014.
Anteriormente, foi responsável pela Diretoria da Auditoria Interna da empresa Globex Utilidades, conhecida por Ponto Frio.
Iniciou sua carreira na área de Auditoria de Sistemas em 1995, na empresa PricewaterhouseCoopers, tendo participado da criação no Brasil do Grupo de Consultores para Telecom Network Services.
Atuou como responsável pela equipes de Auditoria das empresas de telefonia móvel do Grupo Telefônica, entre os anos de 2001 e 2004, tendo implementado na época o Mapeamento de Riscos para todas as empresas do Grupo no Brasil.
É graduada em Análise de Sistemas pela Fatec/BS (1995) e Ciências Contábeis pela Universidade Federal Fluminense (2013), com especialização em Redes de Computadores pela Universidade São Judas Tadeu (1998) e Gestão Empresarial pela FGV (2004).
Pedro Melo
Pedro Melo vai atuar como membro externo do Comitê Independente. O executivo é diretor geral do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e membro do board de entidades como o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), da Câmara Americana de Comércio (Amcham) e do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef).
Por mais de três décadas desenvolveu uma longa trajetória profissional nas áreas de auditoria, consultoria e gestão empresarial, atuando na KPMG, onde foi presidente no Brasil entre 2008 e 2017 e da América do Sul entre 2015 e 2017.
Foi membro de conselhos de administração da KPMG fora do Brasil e do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas no Estado de São Paulo (Sescon).
É graduado em contabilidade e pós-graduado em Análise Contábil-Financeira, com o devido registro no Conselho Regional de Contabilidade (CRC) em São Paulo e na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Entenda o que está acontecendo com a Americanas
O setor contábil da Americanas encontrou recentemente uma enorme inconsistência na demonstração de resultados e no balanço patrimonial da empresa.
Entre as inconsistências, foi encontrada a existência de operações de financiamento de compras em valores estimados de R$ 20 bilhões, nas quais a companhia é devedora perante instituições financeiras, como bancos, e que não se encontram adequadamente refletidas nos relatórios.
Ou seja, a Americanas encontrou dívidas não lançadas no balanço da empresa cujo rombo estimado é de R$ 20 bilhões.
Ações da Americanas derreteram na B3
Como consequência deste fato relevante, nunca imaginado, as ações da Americanas caíram forte na bolsa de valores brasileira (B3).
Entre os dias 11 e 12 de janeiro, as ações AMER3 saíram da cotação de R$ 12,00 para R$ 2,72 na B3 em uma monstruosa queda de 77,33%.
Mas não foi apenas uma queda de gráfico. Segundo um levantamento de Einar Rivero, do TradeMap, a Americanas perdeu cerca de R$ 8,4 bilhões com o valor de mercado retraindo de R$ 10,8 bilhões para R$ 2,4 bilhões.
O mesmo levantamento mostra que essa perda de valor de mercado é equivalente à capitalização da empresa de moda Arezzo e do frigorífico Minerva. O rombo de R$ 20 bilhões, por sua vez, equivale ao valor de mercado das varejistas Magazine Luiza e Lojas Renner.
No mercado financeiro, a atual Americanas é fruto de reorganização que envolveu as antigas Lojas Americanas (LAME3) e ainda a varejista B2W (BTOW3) que deixaram de ter ações próprias na B3.
Vale mencionar que uma situação parecida aconteceu recentemente no Brasil, com a resseguradora IRB. Neste caso, a empresa se envolveu em polêmicas com o megainvestidor Warren Buffett e ainda encontrou fraudes financeiras de executivos. A IRBR3 caiu mais de 80%, sendo que a cotação saiu da casa de R$ 30.
O que aconteceu com a Americanas?
Americanas (AMER3) descobriu um rombo de R$ 20 bilhões em seus balanços e já criou um comitê interno para investigar o caso.
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