A safra brasileira de cereais, leguminosas e oleaginosas deve alcançar 258,9 milhões de toneladas em 2022, segundo a estimativa de março do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado na manhã desta segunda-feira, 7 de abril, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Entretanto, isso representa uma queda de 1% em relação à projeção feita em fevereiro desse ano, uma diferença de 2,7 milhões de toneladas. Mesmo assim, a produção deve superar em 2,3% o total colhido em 2021 e alcançar outro recorde, ficando também acima dos números de 2020, quando foram produzidos no país 255,4 milhões de toneladas de grãos.

Confira os principais pontos do LSPA de março, com destaque para as estimativas de desempenho da produção de soja, milho, arroz, feijão e café no Brasil.

Produção de soja impactada

Segundo a informação divulgada, a responsável pela queda na projeção é, principalmente, a soja, cuja produção deve ser 5,6% menor do que o previsto no mês anterior.

De acordo com o gerente de agricultura do IBGE, Carlos Alfredo Guedes, a queda da estimativa do grão deve-se aos problemas climáticos enfrentados em importantes regiões produtoras, como os estados do Sul. "Houve uma estiagem que durou de novembro do ano passado até janeiro deste ano e isso prejudicou muito a safra do Rio Grande do Sul e do Paraná", explica o especialista do IBGE.

Os maiores produtores de soja do Brasil e as projeções para 2022

O estudo aponta que, com a quebra da safra dos estados do Sul, Goiás deve se tornar o segundo maior produtor nacional de soja, atrás apenas de Mato Grosso, que responde por quase um terço da produção brasileira da leguminosa.

Já o Paraná e o Rio Grande do Sul, marcados pelos problemas de estiagem, devem produzir 41,1% e 53,5% menos soja do que a safra anterior, respectivamente. Com as perdas, a participação da soja no volume total de grãos deve cair para 44,9%.

Falta de chuva no Brasil pressiona produção agrícola

Milho

Além da soja, a falta de chuvas também prejudicou a produção da primeira safra do milho, que foi estimada em 24,7 milhões de toneladas em março de 2022, o que representa queda de 3,8% frente ao previsto no mês anterior e de 3,9% em relação ao produzido no ano passado, segundo o levantamento do IBGE.

Apesar dos impactos da chuva, a safra do milho na segunda rodada do ano deve receber benefícios devido ao cenário de preços no mercado internacional (alta das commodities). "A expectativa é de uma boa produção na segunda safra do milho, que deve ter aumento de 40,4% na comparação com 2021. Com a alta de preços no mercado internacional e os investimentos nas áreas de cultivo, a produção deve crescer e ser um novo recorde na série histórica", diz o pesquisador do IBGE.

Ao alcançar 87,2 milhões de toneladas, a segunda safra do milho deve ser 4,9% maior do que o divulgado no mês anterior, aponta o estudo.

Arroz

Além disso, o arroz foi outra cultura atingida pela falta de chuva nas lavouras brasileiras. "Essa é uma produção muito concentrada no Sul, especialmente no Rio Grande do Sul, que deve ter uma safra 10,6% menor do que a de 2021. Nesses estados, faltou água para irrigação e a produtividade caiu. Na comparação com o ano passado, a produção nacional teve queda de 8,0%", afirma o gerente do IBGE.

Feijão

A produção da primeira safra do feijão também foi prejudicada devido à falta de chuvas nos três estados do Sul. Mesmo com as adversidades enfrentadas por esses estados produtores, essa safra deve atingir 1,2 milhão de toneladas, com aumento de 2,0% frente ao estimado em fevereiro.

Na estimativa acumulada, essa primeira safra representa 38,2% do total de feijão produzido no país. Somando as três safras, a produção do feijão deve chegar a 3,2 milhões de toneladas, aumento de 3,0% frente à previsão do mês passado e de 13,9% na comparação com a colheita do ano anterior.

Café

Já a produção de café, considerando as espécies arábica e canephora, deve atingir 3,4 milhões de toneladas, aumento de 14,4% em relação ao ano passado. "Para o café arábica, o ano é de bienalidade positiva, ou seja, quando teremos alta produção. Frente ao ano anterior, o crescimento de produção dessa espécie será de 20,9%. Apesar do crescimento, essa safra poderia ser maior, não fossem os problemas de clima, como geadas e períodos de altas temperaturas, que os estados produtores enfrentaram em 2021", explica Guedes.

Hoje o Brasil é o maior produtor e o maior exportador de café do mundo. O café arábica representa 69,1% de todo esse café produzido no país e sua produção está concentrada principalmente em Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo. Por causa do inverno severo no ano anterior, algumas regiões produtivas tiveram suas lavouras atingidas, o que pode ter diminuído o potencial para este ano.

Com os problemas climáticos na região, apenas o Sul teve sua estimativa de produção retraída (-5,9%) frente à previsão de fevereiro. A região sulista deve produzir 65,1 milhões de toneladas e responder por 25,2% do total do país. As demais apresentaram alta, segundo o levantamento de março:

  • Norte deve alcançar 12,7 milhões de toneladas (avanço de 2,2%);
  • Nordeste deve ter alta de 1,6%, totalizando 25,1 milhões de toneladas;
  • Sudeste deve crescer 0,4% para 26,9 milhões de toneladas produzidas;
  • Centro-Oeste com avanço de 0,5%, cuja produção foi estimada em 129,1 milhões de toneladas.

- Saiba mais sobre o levantamento de março do IBGE sobre a produção agrícola.

O que é o LSPA do IBGE?

O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) é um importante instrumento ao mercado em geral, liderado pelo IBGE, que fornece estimativas de área plantada, área colhida, quantidade produzida e rendimento médio de produtos selecionados com base em critérios de importância econômica e social para o país.

Assim, as projeções do estudo permitem não só o acompanhamento de cada cultura investigada, desde a fase de intenção de plantio até o final da colheita, no ano civil de referência, como também o prognóstico da safra do ano seguinte, para o qual é realizado o levantamento nos meses de outubro, novembro e dezembro. Tais informações são relevantes ao cenário econômico e, principalmento, ao universo das commodities agrícolas.

Com informações Agência IBGE Notícias.