O Banco Central divulgou na manhã dessa terça-feira, 14 de dezembro, a Ata da 243ª reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que aconteceu nos dias 7 e 8 de dezembro de 2021, oportunidade em que a Taxa Selic foi elevada em mais 1,5% fechando o ano em 9,25%.
O documento traz os detalhes do que foi discutido na reunião, além de algumas expectativas para 2022, como por exemplo, para a inflação. Enquanto o mercado financeiro prevê uma inflação de 5% para o próximo ano, o Copom prevê que ela será de 4,7%. Para 2023 também há diferenças: o mercado prevê 3,5% de alta e o Copom um pouco menos, ficando em 3,2%.
Além disso, segundo a ata, o Copom também está prevendo que a taxa Selic chegue a faixa dos 11,75% ao longo de 2022, mas que ela encerre o ano em 11,25%. O mercado apontou para uma Selic de 11,50% segundo o último Boletim Focus. Porém, para 2023, tanto o mercado quanto o Copom prevêm uma Selic voltando a faixa dos 8%.
Outra previsão feita é de que adote-se a bandeira tarifária "escassez hídrica" em dezembro de 2021 e a hipótese de bandeira tarifária "vermelha patamar 2" em dezembro de 2022 e dezembro de 2023.
Cenário econômico
Mas para chegar a essas previsões, o Copom analisou vários aspectos econômicos, como o cenário externo e interno, entre outros. A ata aponta que há uma preocupação global com a questão imobiliária na China, a possibilidade de nova onda da covid-19 durante o inverno do hemisfério norte e o aparecimento da variante Ômicron, fatos que resultaram em uma queda no preço das commodities. Porém, para o Copom "ainda é cedo para prever a extensão deste movimento".
Em relação à atividade econômica brasileira, a ata aponta que "a divulgação do PIB do terceiro trimestre revelou evolução ligeiramente abaixo da esperada, apesar de as atividades mais atingidas pela pandemia terem continuado em trajetória de recuperação robusta. Indicadores de mais alta frequência indicam recuo da atividade econômica, difundido entre vários setores, em setembro e possivelmente em outubro. No mesmo sentido, os índices de confiança já disponíveis para os meses iniciais do trimestre corrente mostram deterioração. Consequentemente, o Comitê revisou para baixo suas expectativas para a atividade no curto prazo".
Por outro lado, o Copom também acredita que o desempenho da agropecuária deverá ser positivo, o que auxiliará na recuperação econômica do país e na volta do crescimento, "- particularmente no setor de serviços e no mercado de trabalho - conforme a crise sanitária arrefece".
Em relação as questões político econômicas, o Copom também avaliou que "apesar do desempenho mais positivo das contas públicas, o Comitê avalia que questionamentos em relação ao arcabouço fiscal elevam o risco de desancoragem das expectativas de inflação, mantendo a assimetria altista no balanço de riscos. Isso implica maior probabilidade de trajetórias para inflação acima do projetado de acordo com o cenário básico".
Comitê avaliou possibilidade de aumento maior do que 1,5%
Após a analise de todos os dados econômicos o Copom avaliou o ritmo apropriado de elevação dos juros. Para isso, o grupo analisou suas projeções de inflação utilizando simulações com trajetórias de política monetária com diferentes taxas terminais, sob diversos cenários alternativos.
Segundo a ata, o comitê chegou a comparar cenários envolvendo ritmos de ajuste maiores do que o de 1,5 ponto percentual com cenários em que a taxa de juros permanece elevada por período mais longo do que a implícita no cenário básico.
"Com base nesses resultados, os membros do Copom debateram a estratégia mais apropriada. Concluiu-se que o ritmo de ajuste de 1,50 ponto percentual, neste momento, é adequado para atingir, ao longo do ciclo de aperto monetário, um patamar suficientemente contracionista para não somente garantir a convergência da inflação ao longo do horizonte relevante, mas também consolidar a ancoragem das expectativas de prazos mais longos", finaliza o documento.
Para a próxima reunião, porém, o comitê já prevê outro ajuste na mesma magnitude. Ela está marcada para acontecer nos primeiros dias de fevereiro de 2022.
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