O dia 8 de janeiro ficou marcado na história do Brasil. Contudo, o relatório preliminar do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) sobre os danos causados durante os atos de terrorismo e vandalismo em Brasília, mostra que "de maneira geral a maioria dos danos aos edifícios são reparáveis".

O relatório foi entregue à ministra da Cultura, Margareth Menezes, e está publicado no site do Iphan.

O levantamento, restrito a seis espaços, abrange "piso, parede e teto" dos edifícios do Palácio Planalto, do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal, do Museu da Cidade e do Espaço Lúcio Costa, além da Praça dos Três Poderes.

Segundo o coordenador técnico da Superintendência do Iphan no Distrito Federal, Maurício Goulart, quando finalizado, o levantamento subsidiará decisões, além de garantir o pleno restabelecimento completo dos edifícios.

"De maneira geral, a maioria dos danos aos edifícios são reparáveis. Nessa primeira leva, avaliamos piso, parede e teto, o que abrange vidros, portas, arrombamentos, pisos, forros. Coisas que, inclusive, já estão sendo reparados", disse Goulart.

Ele, no entanto, disse que apenas com o avanço dos trabalhos e com as análises a serem feitas por técnicos de cada área é que se vai poder afirmar definitivamente se os danos são ou não irreparáveis.

Em um segundo momento, o Iphan avaliará os bens móveis danificados ou destruídos pelos invasores que, descontentes com o resultado das eleições de 2022, vandalizaram prédios e áreas públicas dos Três Poderes.

Obras de arte

Goulart explicou que, nos casos de obras de arte, muitas delas têm "valor incalculável" e vão requerer "técnicas específicas para recuperação". "Em um segundo momento teremos resposta sobre reversibilidade ou não dos danos a esses elementos", acrescentou.

Sobre o relatório

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) entregou ao Ministério da Cultura (Minc), na tarde de 12 de janeiro, o relatório descritivo-fotográfico que apresenta um panorama dos danos causados a bens arquitetônicos protegidos pelo Instituto, nas sedes dos três Poderes e em seu entorno, em Brasília (DF).

O documento foi elaborado em quatro partes, sendo que as vistorias foram realizadas nos dias 10 e 11 de janeiro de 2023.

Na primeira, são descritos os principais danos aos bens móveis e imóveis, com a listagem de medidas emergenciais, de médio e de longo prazo que podem ser tomadas com o objetivo de restaurar e devolver os bens a seu estado prévio.

Na segunda, são enumeradas possíveis fontes de recursos para apoio às ações de recuperação, que podem ser pleiteados à Unesco, em razão do Conjunto Urbanístico de Brasília ser inscrito na Lista do Patrimônio Mundial.

A terceira, por sua vez, apresenta um levantamento preliminar de corpo técnico do Instituto, que pode contribuir com etapas posteriores do processo de análise e restauro.

A última apresenta os registros fotográficos das vistorias, com a descrição sintética dos danos encontrados.

Ataque aos Três Poderes: veja algumas fotos dos danos

Vidros quebrados, locais pichados, portas arrombadas, objetos destruídos: veja algumas fotos dos estragos causados durante os atos antidemocráticos em Brasília.

Palácio do Planalto

Congresso

Supremo Tribunal Federal - STF

Reprodução/Iphan
Reprodução/Iphan

- Acesse o Relatório do Iphan na íntegra

O papel do Iphan

A Constituição Federal de 1988 determina que a preservação e a salvaguarda do patrimônio cultural brasileiro são atribuições de todos os entes federativos, com a contribuição da sociedade.

Porém, ao Iphan, cabe a responsabilidade de zelar pela preservação de edifícios protegidos pelo tombamento federal, com a realização de vistorias, a oferta de assistência técnica, quando demandado e cabível, e a autorização e o acompanhamento de intervenções.

A conservação desses bens é responsabilidade direta de suas instituições proprietárias.

Como se deu o ataque aos Três Poderes

Manifestantes apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro inconformados com o resultado das eleições invadiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 8 de janeiro de 2023.

A invasão começou após a barreira formada por policiais militares na Esplanada dos Ministérios, que estava fechada, ter sido rompida.

O Congresso Nacional foi o primeiro a ser invadido, com os manifestantes ocupando a rampa e soltando foguetes. Depois eles quebraram vidro do Salão Negro do Congresso e danificaram o plenário da Casa.

Com informações, Agência Brasil, Governo Federal e Iphan.