BDRs pagam dividendos? Veja como funciona

Hoje em dia, para investir em ações e virar acionista de grandes empresas bastam alguns cliques e pronto: o investimento está feito e o aporte assegura direitos ao investidor, como recebimento de parte dos lucros da sociedade, que são os chamados dividendos.

E o mesmose dá em relação às companhias estrangeiras negociadas no mercado financeiro brasileiro, que são listadas no país por meio de ativos batizados de BDRs. Apesar do procedimento simples, é preciso bastante estudo e conhecimento para escolher os ativos que melhor se adaptam aos objetivos do investidor.

E então, você sabia que dá para receber parte dos lucros de grandes empresas estrangeiras sem a necessidade de investimento no exterior, como do McDonald's? Conheça os BDRs e veja como funciona o pagamento de dividendos desses ativos.

O que é BDR?

BDR é uma sigla para Brazilian Depositary Receipts, que na tradução literal quer dizer "Recibos Depositários Brasileiros". Os BDRs são ativos financeiros emitidos no Brasil, mas que representam ações de empresas estrangeiras que já estão listadas em bolsa de valores do exterior.

Dessa maneira, o BDR é um jeito simples de investir em empresas estrangeiras, sem a necessidade de abertura de conta em corretora do exterior.

Apesar de o investidor ficar exposto às variações de preços de um ativo estrangeiro, geralmente muito ligado ao dólar, as operações de BDRs são sempre realizadas no Brasil e a liquidação é feita em reais.

Portanto, a cotação dos BDRs já é dada em R$, o que significa que o investidor não precisa se preocupar com câmbio para realizar o investimento.

Antes, os BDRs só eram negociados por investidores profissionais, com mais de 1 milhão de reais em patrimônio. Mas em 2020, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) anunciou a liberação dos BDRs para os investidores pessoa física, possibilitando o acesso por todos.

BDRs pagam dividendos?

Em regra, quando uma empresa que possui ações listadas no exterior e papéis representativos negociados no Brasil (B3) por meio de BDRs decide repartir parte de seus ganhos com acionistas via dividendos, todos os investidores têm direito aos recursos.

O inverso também ocorre: quando uma empresa brasileira, da Bolsa B3, que possui papéis representativos no exterior (ADRs) aprovam dividendos, todos os acionistas receberão os recursos, na medida de suas participações. É o caso da Petrobras (PETR3/PETR4/PBR) e da Vale (VALE3/VALE), por exemplo.

Dessa maneira, do ponto de vista técnico e normativo, os BDRs garantem a seus titulares o direito de receber dividendos.

Entretanto, muitas das empresas com BDRs na B3 não possuem um bom histórico de pagamento de dividendos a acionistas. Na verdade, grandes empresas, como o Facebook, sequer anunciaram proventos na última década, pois preferem reaplicar os lucros no empreendimento e/ou aplicar em reservas.

Como funcionam os dividendos de BDR?

Primeiro, a empresa precisa estar com as finanças saudáveis e possuir uma política de remuneração de acionistas. Como dito acima, as norte-americanas não têm obrigatoriedade de repartir parte do lucro com seus investidores, então eles só recebem quando a gestão estabalece o pagamento.

Depois da aprovação da empresa, para o recebimento de dividendos de BDRs, em suma, o investir precisa comprar os BDRs na B3 e assim permanecer nas datas de corte anunciadas pela empresa. O crédito é automático, de acordo com o calendário de pagamentos.

Outro grande detalhe é que os dividendos de BDRs passam por retenção de vários impostos. O investidor precisa ter em mente que, apesar do BDR estar negociado no Brasil, sua empresa está no exterior e lá existem tributos sobre proventos. Nos Estados Unidos, a alíquota na fonte é de 30%. Além disso, existe uma taxa cobrada para a custodiante (empresa financeira que gerou os papéis) que varia e pode chegar a 5%.

Fora os tributos estrangeiros, o investidor brasileiro com BDRs na carteira ainda precisará acertar as contas com o leão (imposto de renda anual).

Nem todos BDRs pagam dividendos a acionistas

Pesquisa levantada pela Economatica mostrou que 8 das 25 maiores empresas dos Estados Unidos em valor de mercado, negociadas na bolsa de valores, não aprovam dividendos há mais de dez anos ou desde a primeira negociação no mercado financeiro (IPO).

Além do Facebook (que agora se chama meta), a lista conta com Amazon, Alphabet (Google), Berkshire Hathaway (empresa do investidor bilionário Warren Buffett), Tesla (de Elon Musk), PayPal (empresa de pagamentos), Adobe (empresa de softwares) e Netflix.

Isso acontece porque nos Estados Unidos, diferente do que ocorre no Brasil, as empresas da bolsa de valores não são obrigadas a aprovar proventos. Além disso, as empresas norte-americanas quando aprovam dividendos precisam pagar imposto.

BDRs que pagam dividendos para acionistas

Quando o assunto é BDR, geralmente o nome de empresas mais conhecidas é associado, como Facebook, Amazon, Apple, Google e Netflix. Entretanto, quem busca a relação de empresas estrangeiras que são boas pagadoras de dividendos precisam pesquisar mais e conhecer as companhias com alto volume histórico de proventos aprovados, mas que podem não ser tão conhecidas no Brasil.

Para tanto, é importante conhecer índices que expressam as empresas estrangeiras que melhor pagaram dividendos nos últimos anos, caso do Dividend Aristocrat.

O Dividend Aristocrat é um indicador que mostra uma lista com empresas do índice S&P 500 (as principais listadas na Nasdaq e Nyse) que pagaram de forma crescente anualmente seus dividendos nos últimos 25 anos consecutivos.

Para nossa intenção, é interessante cruzar o índice Dividend Aristocrat com empresas que possuem BDRs listados na B3. Nós do Poupar Dinheiro fizemos isso: veja abaixo a lista com os 10 dos maiores ativos do Dividend Aristocrat:

- Este site mostra o histórico de dividendos de empresas do exterior com precisão.

*Não são listadas acima, necessariamente, as empresas que mais pagam dividendos para acionistas. Não é recomendação de investimentos.

Qual o código? Veja a lista dos BDRs mais negociados da B3

Atualmente, a B3 conta com mais de 800 empresas estrangeiras listadas, por meio de BDRs. Dessa maneira, hoje os investidores brasileiros podem investir em multinacionais de dentro país. A lista é longa e conta com as maiores companhias do mundo.

Veja abaixo quais foram os BDRs mais negociados nos 12 últimos meses, segundo a B3: