Os brasileiros estão mais endividados do que nunca. E essa não é apenas uma constatação baseada na sensação, mas diversos levantamentos que vêm sendo feitos apontam isso. Efeito da pandemia e da inflação? Possivelmente esses fatores contribuíram, sim, para que o brasileiro se encontre agora em um momento de dificuldade para pagar suas contas.

Para agravar a situação, dados divulgados pelo Banco Central no fim de setembro, mostram que os juros do cartão de crédito, quando a pessoa cai no rotativo, estão em quase 400% ao ano, a maior taca desde 2017.

Então mais do que nunca é preciso ter um plano para tentar não se endividar ou, caso você já esteja com muitas contas, inclusive algumas em atraso, para que você possa sair dessa situação antes que ela se agrave. E é para isso que estamos aqui.

Nesse artigo vamos trazer algumas dicas sobre como evitar o endividamento ou como sair dele. Veja abaixo.

Endividamento batendo recordes

O Banco Central divulgou dados preocupantes na quarta-feira, 28 de setembro: a a taxa média de juros cobrada pelos bancos nas operações com cartão de crédito rotativo subiram de 349,9% ao ano em julho para 398,4% ao ano em agosto, o que torna esta a maior taxa desde agosto de 2017.

* O crédito rotativo do cartão de crédito é aquele que é acionado quando o cliente/usuário do cartão não consegue o valor total da fatura na data do vencimento. Ele paga apenas uma parte do valor para não ficar inadimplente, mas paga juros sob o valor que ficou para traz.

Além disso, a taxa de inadimplência média registrada pelos bancos nas operações de crédito ficou estável em 2,8% em agosto, mas ainda assim ela permanece no maior patamar desde junho de 2020.

E não para por aí: o endividamento das famílias bateu novos recordes, somando 53,1% da renda acumulada nos 12 meses anteriores (de agosto de 2021 a julho de 2022). Apenas para se ter uma ideia, em fevereiro de 2020, antes da pandemia da covid-19, o endividamento estava em 41,8%.

Como evitar o endividamento?

Veja abaixo algumas dicas de como evitar o endividamento com o cartão de crédito:

Controle seus impulsos

Comprar por impulso é uma atitude muito comum. Todos nós fazemos isso eventualmente, mas se tem algo que pode ser muito prejudicial, é isso. Sabemos que a sociedade é consumista, a gente aprende a querer muitas coisas, então quando temos a possibilidade de postergar o pagamento, essas gastos podem facilmente sair do controle.

Faça um exercício: se permita pensar por algumas horas ou mesmo por um dia a respeito da compra e perceba se trata-se de algo que realmente precisa. Na maior parte dos casos você verá que não.

Faça listas de compras

Fazer lista de compras ajuda a nos atermos somente ao que realmente precisamos. E isso vale principalmente para as idas ao mercado, mas não apenas. Assim, evitamos comprar coisas que talvez não sejam tão necessárias e às vezes até produtos que você já tem o que pode resultar em desperdício e perda de dinheiro. Ah, e claro, nunca vá ao mercado com fome, né? Você já deve ter ouvido isso de alguém e é muito real. Você vai gastar mais.

Veja as condições de compra antes de usar o cartão

Verifique se não há a possibilidade de um bom desconto no pagamento à vista, por exemplo. Dependendo da compra isso pode valer muito a pena. Também verifique se os júros não aumentam excessivamente com o aumento número de parcelas (normalmente, sim) e estudo se você não pode pagar em menos vezes. Além disso, mantenha sempre o controle das contas que você já está parcelando para não formar aquela bola de neve que já citamos.

Estabeleça um valor máximo de gastos com o cartão

Cartão de crédito não é renda complementar, tudo o que você compra, você terá que pagar com o que você ganha, portanto, nunca deixe a sua fatura passe de um determinado valor que você mesmo pode estabelecer tendo como base o que você ganha e quais os demais gastos que você tem por mês (aluguel, água, luz, internet, etc).

Não tenha muitos cartões de crédito

Use um cartão apenas (concentre seus gastos nele) e tenha, no máximo, mais um para uso eventual. Isso ajuda a manter o controle dos gastos, a evitar atrasos nos pagamentos de faturas, entre outros problemas.

Nunca atrase a fatura e evite parcelar

Atrasar o pagamento da fatura fará com que você caia no juro rotativo. E essa é sempre a pior opção. Se você perceber que não terá como pagar a sua fatura na íntegra, a melhor opção ainda é entrar em contato com o seu banco e solicitar o parcelamento antes de cair no rotativo.

Ainda assim, porém, isso deve ser evitado ao máximo porque o parcelamento também tem seus juros, ainda que eles sejam um pouco mais baixos do que o do rotativo. Como já dissemos, o juro do rotativo é o mais alto que há. Em alguns casos você terá que pagar três vezes o valor da sua dívida. Evite totalmente essa situação.

Seja organizado

Anote os seus gastos, tenha uma planilha de controle, uma agenda, um bloco de notas, etc - ferramenta para isso é o que não falta. É importante que você visualize os seus ganhos e os seus gastos porque assim você tem um controle maior da situação e conseguirá cortar o que for menos necessário, ou focar naquilo que é realmente importante.

Defina metas para o futuro

Uma boa forma de evitar compras por impulso ou o uso excessivo do cartão é tendo metas. Faça planos, trace roteiros para alcançar seus objetivos. Isso ajuda muitas pessoas a poupar dinheiro e pensar melhor antes de gastar.

Tenha uma reserva de emergência

Na medida do possível, guarde um dinheiro em uma conta com um bom rendimento, que você possa usar numa emergência real. Isso evita que você tenha que utilizar o cartão de crédito para fazer uma dívida muito grande. Quando essa dívida se somar aos outros gastos que você já tem no cartão pode acontecer de você não conseguir pagá-la ou ter que parcelá-la. Nessas horas, uma reserva de emergência pode te salvar.

Use cartões sem taxas

Há muitas opções de cartões de crédito e débito que não cobram anuidade ou outras taxas. Qualquer gasto a menos é válido, não é mesmo?

Acompanhe a sua fatura

Outra boa forma de diminuir os gastos é dar uma conferida na fatura, uma vez por dia ou algumas vezes por semana ao menos, dependendo do quanto você usa seu cartão.

Quando a gente adquire o hábito de passar o cartão para fazer nossas compras, algumas vezes podemos até "esquecer" que estamos gastando. Como você não paga na hora, fica aquela sensação de que não houve muito gasto. Entretanto, se você der uma olhada na fatura com frequência, vai conseguir ver melhor o que você já comprou, quanto terá pra pagar no próximo mês e em muitas situações você provavelmente vai dar uma freada nos gastos.

Já estou com uma dívida. Como sair dela?

Mas às vezes não há o muito o que fazer, não é mesmo? O momento é difícil e quando você viu, já havia contas em atraso. Essa é sempre uma situação complicada, mas é possível sair do ciclo de endividamento.

Abaixo listamos também algumas dicas pra você, se esse for o seu caso.

Organize-se

O primeiro passo é entender o que está acontecendo, saber qual o valor de sua dívida, ver o que você ganha, quais são todas as suas despesas fixas e variáveis e ver o que pode ser cortado. Mais uma vez: coloque tudo no papel, visualize seus ganhos e gastos e sua situação atual.

Pare de usar o cartão

Se for possível, deixe-o de lado, pelo menos por um tempo. Não tente emitir novos cartões também (ao contrário, diminua a quantidade deles).

Tente negociar a dívida

Sabendo o que você deve e o que você ganha, você saberá quanto você pode comprometer do seu orçamento para quitar a dívida, então pode ser uma boa ideia procurar a operadora do cartão e tentar renegociar a dívida. Você pode, inclusive, fazer uma contraproposta se a proposta que ela te fizer for alta.

Mas fique atento para alguns detalhes:

  • opte por parcelas fixas, ainda que ofereçam parcelas que aumentam conforme o prazo de pagamento, pois essa segunda opção tende a ter juros maiores;
  • solicite o Custo Efetivo Total (CET), para que você saiba exatamente o que está sendo pago: o valor da dívida, os juros, as taxas, os impostos etc.

Se for o caso, faça um empréstimo para pagar o cartão

Sim, pode parecer incoerente querer saldar uma dívida contraindo outra, mas dependendo da sua situação, essa pode ser uma alternativa porque, como já dissemos, os juros do cartão de crédito são muito altos. Você pode encontrar taxas de juros de emprestimos bem menos salgadas.

Então, aí estão algumas dicas. Esperamos ter ajudado e desejamos boa sorte em suas finanças!