O Brasil se encontra diante da pior seca dos últimos 91 anos. A situação é tão grave que esvaziou os reservatórios das hidrelétricas, e assim, quem sofre são os consumidores, indústrias e comércios. A elevação das tarifas e a necessidade de diminuir o consumo de energia, devem fazer com que a inflação permaneça alta, e assim, freie a atividade econômica. Entenda abaixo, o porquê.
Crise hídrica e inflação: qual a relação?
De acordo com o economista Gabriel Leal de Barros, da RPS Capital, diz que se não chover o sufiente no período úmido, que vai de outubro a abril, o IPCA vai ficar na casa dos 8% em 2021. Já em 2022, o crescimento do PIB pode ter uma redução de até 2 pontos percentuais. Ou seja, como a previsão do mercado para o PIB é de 2% em 2022, o país pode cair na estagnação.
Sendo assim, o cenário do Brasil é muito delicado. O ONS estima que até novembro, os reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste, que respondem por 70% da geração de energia do país, devem chegar a 10% da sua capacidade. Atualmente, as hidrelétricas operam em nível muito baixo - com 22,5% da capacidade de armazenamento.
Para Gabriel Leal de Barros, o aumento da sobretaxa é a única alternativa do país a curto prazo. "Nossa dependência de hidrelétricas ainda é de quase 70%. Quando tem uma crise hídrica muito forte, a tarifa precisa subir para evitar que as distribuidoras de energia sofram um grande desequilíbrio financeiro", explica.
Usinas termelétricas
O desequilíbrio acontece pois com as hidrelétricas atuando em baixa, o governo precisa de mais energia das usinas termelétricas. E como todos sabem, essa fonte de energia é muito mais cara.
De acordo com o economista sênior da CNC, Fabio Bentes, "O megawatt produzido em uma usina movida a carvão custa o dobro do gerado por uma hidrelétrica. Se for uma termelétrica movida a gás, o custo é quatro vezes maior".
Dessa forma, a alta das tarifas acarreta em um efeito cascata em toda a economia. E assim, pode desacelerar o setor de comércio.
"A energia elétrica é um item insubstituível e utilizado em todos os setores do comércio e da indústria. [O aumento] vai pressionar o orçamento das famílias e prejudicar o comércio, porque o setor não vai conseguir segurar o reajuste sem repassar uma fatia um pouco maior do que a usual para os preços", explica Bentes.
E o economista cita também que "Além de ter um peso grande no orçamento familiar, a energia é usada para praticamente tudo. Metade do custo da produção de leite é energia elétrica. No cimento, 25% é energia".
Por fim, Bentes explica que "Faltou planejamento para uma situação que já estava anunciada desde o final do ano passado". Ou sejam, para ele, o governo esperou o "incêndio" se espalhar muito para começar a adotar medidas de racionamento realmente eficazes.
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