Os brasileiros estão tendo dificuldade para conseguir manter as suas contas em dias. Em 12 meses, o número de atrasos nos pagamentos no rotativo do cartão de crédito dobrou.
Em suma, os dados do Banco Central apontam que, no mês de novembro, 19,13% dos clientes que usam o crédito rotativo, estavam com os pagamento atrasados entre 15 e 90 dias. E assim, esse percentual é praticamento do dobro do visto 1 ano antes, quando o índice estava em 9,68%.
O rotativo do cartão de crédito é aquele saldo da conta que não é paga no mês de referência, e empurrado para a fatura do mês seguinte. Com esse aumento nos atrasos, o rotativo já tem o segundo maior índice de atrasos da série histórica. E ele só perde para maio de 2015, quando 19,18% dos clientes estavam com pendências.
Dívidas no rotativo dobram
De acordo com a analista de crédito da Tendências Consultoria, Isabela Tavares, o aumento nas dívidas no rotativo sinalizam a deterioração das condições econômicas, em especial pela alta da inflação e a fraqueza do mercado de trabalho.
Ela diz que, diante das dificuldades financeiras, o consumidor faz uso do crédito emergencial. E sem melhora de renda nos meses seguintes, segue atrasando os pagamentos. Tavares explica que:
"O rotativo é uma modalidade de fácil acesso e juro alto. Normalmente, é usado em situações emergenciais. O uso desse crédito cresceu nos últimos quatro, cinco meses diante da inflação alta e pressão na renda. E, agora, os atrasos começaram a aparecer".
No mês de novembro, os brasileiros tinham R$ 48,5 bilhões em dívidas no rotativo do cartão. Ou seja, o maior valor da história. De acordo com Tavares, a demanda por esse crédito emergencial, assim como o cheque especial, aumenta nos momentos de dificuldade econômica.
Ao fazer uma média dos últimos 12 meses, os brasileiros usaram R$ 17,9 bilhões por mês no rotativo. Ou seja, todos os meses, em torno de R$ 18 bilhões em dívida são empurrados para a fatura seguinte.
Crédito mais caro que existe
O grande problema do rotativo, é que ele é o crédito mais caro que existe no mercado financeira do Brasil. Na média, o juro dessa operação foi de 346,1% ao ano em novembro. Sendo assim, uma dívida de R$ 1 mil, se torna R$ 4.461 após 12 meses.
Com os juros tão altos e sem uma melhora no mercado de trabalho e na renda, a inadimplência, quando o atraso passa dos 90 dias, já chega a 33,29%. Segundo os especialistas, 1/3 dos clientes que usam o rotativo, acabam dando calote no banco. Isso tudo, por conta do alto juro dessa operação.
Por fim, Tavares diz que essa piora do risco de calote, influencia nos juros que os bancos praticam: "O risco de crédito já é percebido e, desde o 3º trimestre de 2021, é possível ver um aumento das margens nessas operações. Os bancos estão repassando o risco maior".
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