O Comitê de Política Monetária (Copom) cortou mais uma vez a taxa SELIC. O órgão do Banco Central que define, a cada 45 dias, a taxa básica de juros da economia brasileira decidiu na quarta (6) cortar a taxa para 3% a.a em meio a incertezas dos impactos do novo coronavírus. É a terceira vez em 2020 que o Comitê corta a SELIC.
A 230ª reunião do Comitê reduziu a taxa à mínima histórica registrada no Brasil. O motivo: a pandemia da Covid-19 que vem provocando uma desaceleração significativa do crescimento global, queda nos preços das commodities e aumento da volatilidade nos preços de ativos.
Ainda, o comitê avalia que diversas medidas de controle da inflação foram tomadas e a expectativa para a taxa de inflação de 2020, 2021 e 2022 gira em torno de 2%, 3,3% e 3,5%, respectivamente. O nível de ociosidade causado pela pandemia na economia pode manter a inflação abaixo do esperado. Isso porque em momentos de incerteza aumenta-se a poupança precaucional em todos os sentidos, freando o consumo num todo.
Além disso, os cortes não devem parar por aí. O comitê já adiantou que novos cortes devem acontecer no decorrer do ano numa possível trajetória de juros que encerra 2020 em 2,75% a.a. mas deve subir em 2021 para até 3,75% a.a. Na próxima reunião, o Copom já adiantou um último ajuste, menor que o atual, para complementar o grau de estímulo necessário como reação às consequências econômicas da pandemia. No entanto, o Comitê reconhece que há riscos nisso e ressalta que acompanha os efeitos da pandemia, assim como as incertezas no âmbito fiscal do governo, serão essenciais para definir novas taxas.
Em relação ao dólar, a perspectiva é de que a moeda americana termine o ano por volta de R$ 5,55.
Como fica a poupança?
Agora, investimentos na poupança que rendem 70% da taxa Selic, renderão ainda menos. Numa conta básica, com a Selic a 3% a.a. a poupança renderá 2,1% ao ano, ou seja, 0,175% ao mês, menos que a inflação esperada para o período.
Se você investir R$ 10.000,00 na poupança a partir de 07 de maio, em um ano terá exatos R$ 10.210,00.
Reformas do governo
Ainda no Boletim, o Copom avalia que o governo deve seguir no processo de reformas e ajustes necessários da economia brasileira para permitir a recuperação sustentável. O Comitê ressalta, ainda, que questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia.
O Copom entende que, neste momento, a "conjuntura econômica prescreve estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reforça que há potenciais limitações para o grau de ajuste adicional. O Comitê avalia que a trajetória fiscal ao longo do próximo ano, assim como a percepção sobre sua sustentabilidade, serão decisivas para determinar o prolongamento do estímulo".
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