O número de pessoas desempregadas no Brasil foi estimado em 14,3 milhões no trimestre encerrado em janeiro, o maior contingente desde 2012, segundo informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa de desocupação, que ficou em 14,2%, foi considerada estável em relação ao trimestre anterior, porém, para um trimestre encerrado em janeiro, essa foi a taxa mais alta já registrada.
Por outro lado houve um aumento de 2% no contingente de pessoas ocupadas, que chegou a 86 milhões. Isso representa 1,7 milhão de pessoas a mais no mercado de trabalho em relação ao trimestre encerrado em outubro. "Apesar de perder força em relação ao crescimento observado no trimestre encerrado em outubro, a expansão de 2% na população ocupada é a maior para um trimestre encerrado em janeiro. Esse crescimento ainda tem influência do fim de ano, já que novembro e dezembro foram meses de crescimentos importantes", explica a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.
Com esse aumento no número de ocupados, o nível de ocupação, que é o percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, ficou em 48,7%. Mas a maior parte desse aumento na ocupação tem relação com a informalidade.
Isso porque o número de empregados sem carteira assinada no setor privado subiu 3,6% em relação ao trimestre anterior, o que representa um aumento de 339 mil pessoas. Já os trabalhadores por conta própria sem CNPJ aumentaram em 4,8% no mesmo período, totalizando 826 mil pessoas a mais. Os trabalhadores domésticos sem carteira, após crescerem 5,2% frente ao trimestre anterior, somam 3,6 milhões de pessoas.
"A perda de força no crescimento da ocupação vem principalmente da menor expansão na Indústria, no Comércio e na Construção. E em relação à posição na ocupação, o trabalhador por conta própria e o empregado no setor privado sem carteira permanecem sendo aqueles que estão contribuindo mais para o crescimento da ocupação no país", diz a pesquisadora.
Com isso, a taxa de informalidade no trimestre encerrado em janeiro foi de 39,7%.
Os trabalhadores do setor privado com carteira de trabalho assinada e os empregadores foram duas categorias que mantiveram estabilidade frente ao trimestre encerrado em outubro. Mas na comparação com o mesmo período do ano anterior, o cenário é de queda. São 3,9 milhões de trabalhadores com carteira assinada a menos no setor privado. Já a queda no número de empregadores foi de 548 mil pessoas.
Houve queda de 1,1% na população fora da força de trabalho na comparação com o último trimestre. Essas pessoas que não estavam nem ocupadas nem desocupadas na semana de referência somaram, no trimestre encerrado em janeiro, 76,4 milhões de pessoas. Quando comparado ao mesmo período do ano anterior, esse contingente cresceu 16,2%.
Na comparação com o último trimestre, 720 mil pessoas saíram da força de trabalho potencial, que soma as pessoas em idade de trabalhar que não estavam nem ocupadas nem desocupadas, mas que tinham potencial para estar na força de trabalho. Esse grupo foi estimado em 11,3 milhões de pessoas.
Entre eles estão os desalentados, grupo de pessoas que não buscaram trabalho, mas que gostariam de conseguir uma vaga e estavam disponíveis para trabalhar. Após uma variação de 2,3%, o que representa estabilidade frente ao trimestre anterior, eles foram estimados em 5,9 milhões de pessoas, o maior número desde o início da série histórica da pesquisa, em 2012. Em relação ao mesmo período do ano anterior, quando havia no Brasil 4,7 milhões de pessoas desalentadas, houve um acréscimo de 25,6%. São 1,2 milhão de pessoas a mais nessa situação.
Ocupação aumenta nos Serviços domésticos e na Agricultura
Apenas três entre os dez grupamentos de atividades pesquisados pela PNAD Contínua cresceram na ocupação no trimestre encerrado em janeiro. Houve aumento de 4,8% no número de ocupados dos Serviços domésticos, o que representa 228 mil pessoas a mais no mercado. Já o aumento do setor da Agricultura foi de 2,7%, ou mais 225 mil pessoas. No mesmo período, cerca de 313 mil pessoas passaram a trabalhar no setor de Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas, que teve a sua ocupação aumentada em 3,1%. Os números dos demais grupamentos ficaram estáveis.
"A Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura foi uma das atividades menos atingidas pela pandemia. Esse resultado pode estar associado à mecanização da produção em larga escala. Além disso, é uma atividade desenvolvida principalmente fora da área urbana, não sendo tão impactada pelas medidas de isolamento social para o controle da pandemia, uma vez que não há grandes concentrações de trabalhadores, como ocorre nos serviços e no comércio", explica Beringuy.
Na comparação com o mesmo período do ano anterior, houve queda de 2 milhões de pessoas no contingente de ocupados do Comércio (-11%), de 1,6 milhão em Alojamento e alimentação (-28,1%), de 1,3 milhão na Indústria (-10,3%), de 1,3 milhão em Serviços Domésticos (-20,8%), de 938 mil em Outros Serviços (-18,4%), de 702 mil em Transportes (-14,1%) e de 693 mil na Construção (-10,2%).
Massa de rendimento fica estável
A massa de rendimento real habitual ficou estável na comparação com o trimestre anterior, sendo estimada em R$ 211,4 bilhões de reais. Já na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, a queda de 6,9% representa uma redução de R$ 15,7 bilhões.
O rendimento médio habitualmente recebido caiu 2,9% frente ao trimestre encerrado em outubro de 2020 e foi estimado em R$ 2.521. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, houve estabilidade.
A PNAD Contínua é o principal instrumento para monitoramento da força de trabalho no país. A amostra da pesquisa por trimestre no Brasil corresponde a 211 mil domicílios pesquisados. Cerca de dois mil entrevistadores trabalham na pesquisa, em 26 Estados e Distrito Federal, integrados à rede de coleta de 564 agências do IBGE.
Em função da pandemia de Covid-19, o IBGE implementou a coleta de informações da pesquisa por telefone desde 17 de março de 2020. É possível confirmar a identidade do entrevistador no site Respondendo ao IBGE ou via Central de atendimento (0800 721 8181), conferindo a matrícula, RG ou CPF do entrevistador, dados que podem ser solicitados pelo informante.
Fonte: IBGE
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