Mesmo em meio à crise hídrica que o Brasil vive atualmente a EDP Energias do Brasil (ENBR3) registrou um Lucro Líquido de R$ 344 milhões no segundo trimestre de 2021 (2T21). As informações são do relatório trimestral divulgado na noite dessa segunda-feira, 26 de julho.
De acordo com o documento, a EDP também registrou uma Dívida Líquida de R$ 7,9 milhões e um Ebitda de R$ 799 milhões, que somado aos resultados do 1T21 totalizam um Ebitda de R$ 1,8 bilhão e um Lucro de R$ 840 milhões, representando um crescimento de 43,8% e 65,2%, respectivamente, em relação ao período homólogo de 2020.
O CEO da companhia, João Marques da Cruz destacou em sua fala que "foram registrados avanços importantes no trimestre, em especial no segmento de Transmissão, com a entrada em operação parcial dos lotes Q e 21, ambos na região sul do país".
Além disso, ele também lembrou que foi concluída a aquisição da Linha de Transmissão Mata Grande Transmissora de Energia, no estado do Maranhão, e das linhas de transmissão que ligam os estados do Acre e Rondônia, de forma que a EDP passou a deter 1.924 Km de linhas de transmissão, das quais mais de 500 Km já se encontram operativos.
Em relação à Distribuição, Cruz ressaltou que o volume de energia distribuída apresentou aumento 16% resultante dos impactos da recuperação da atividade econômica, das elevadas temperaturas registradas no período e da expansão no número de clientes.
"Ainda neste segmento, gostaria de destacar todos os esforços realizados para a estabilidade dos níveis de perdas, um reflexo do aumento do nível de investimento realizado pela EDP em nossas áreas de concessão", falou ainda o CEO.
Margem Bruta
A Margem Bruta registrada foi 27,4% maior, totalizando R$ 1.167.906 milhão no 2T21 em comparação aos R$ 916 mil do 2T20. Segundo a EDP isso é decorrência de uma maior distribuição e transmissão, de uma melhor gestão das redes hidricas e de um aumento em R$ 17,4 milhões em comercialização.
No semestre o aumento da margem bruta foi de 29,2%, decorrentes, basicamente, dos mesmos fatores.
Gastos gerenciáveis
Houve um aumento de 18,6% nos gastos gerenciáveis da empresa impactados principalmente pelo aumento com pessoal (17,5% no trimestre e 7,7% no semestre), decorrente de reajuste salarial cocorrido em novembro de 2020. Também houve aumento nos custos com plano de saúde e pagamento de horas extras.
Ebitda
O Ebitda foi de R$ 799,2 milhões e de R$ 1,8 bilhão, aumento de 36,3% e de 43,8%, no trimestre e no semestre, respectivamente.
O Ebitda ajustado, pelos efeitos não recorrentes e não caixa, foi de R$ 618,0 milhões e de R$ 1,4 bilhão, aumento de 18,1% e de 26,8%, no trimestre e no semestre, respectivamente. Conforme instrução CVM 527, o Ebitda foi de R$ 852,2 milhões, aumento de 35,6%.
Divida Bruta
A Companhia finalizou o trimestre com Dívida Bruta de R$ 9,6 bilhões, desconsiderando as dívidas dos ativos não consolidados, que representaram R$ 1,3 bilhão. Por empresa, a dívida bruta foi a seguinte:
De acordo com o relatório, as amortizações de Principal e Juros verificadas no gráfico, referem-se a:
- BNDES nas distribuidoras e Pecém;
- 8ª, 9ª e 10ª Emissões de Debêntures e 6ª e 7ª Emissão de Notas Promissórias na EDP SP;
- 6ª, 7ª, 8ª e 9ª Emissões de Debêntures, 1ª Emissão de Notas Promissórias e Cédula de Crédito Bancário na EDP ES;
- 4ª e 5ª Emissões de Debêntures na Holding;
- Cédula de Crédito Bancário na EDP Grid; e
- 1ª Emissão de Notas Promissórias e 2ª Emissão de Debêntures da Enerpeixe.
Desempenho por segmentos
Veja abaixo a tabela com os detalhes de cada uma das empresas do grupo EDP no 2T21:
A melhor receita operacional em comparação com o 2T20 foi da EDP São Paulo, que teve um aumento de 42,5%.
Já a melhor margem bruta foi da EDP Espírito Santo, com uma alta de 31,6% em comparação com o mesmo período do ano passado.
Já o Ebitda foi bastante parelho em todas as empresas do grupo registrando um aumento de 66,6% no EDP São Paulo, 66,4% no EDP Espírito Santo e 66,5% no Consolidado.
A tarifa média, decorrente do mix de mercado, aumentou 10,5% e 12,9%, na EDP SP e na EDP ES, respectivamente, refletindo os reajustes tarifários ocorridos em 2020 e a piora dos patamares da bandeira tarifária entre os meses comparados.
No EDP SP ela ficou em R$ 533,84 frente os R$ 483,27 do 2T20 e no EDP ES ela ficou em R$ 519,79 diante dos R$ 460,58 anteriores.
Perdas
Na EDP SP, as perdas totais mantiveram-se estáveis em relação ao mesmo período do ano anterior. As perdas técnicas aumentaram, decorrente do maior volume de energia na rede, enquanto as perdas não técnicas reduziram, refletindo o plano de combate às perdas com foco em substituições de medidores, inspeções de campo, blindagem de rede, instalação de remotas e manutenções dos ativos de telemedição.
Em relação ao 1T21, as perdas totais reduziram 0,32 p.p., influenciadas pela redução das perdas não técnicas.
Na EDP ES, as perdas totais aumentaram em relação ao mesmo período do ano anterior. As perdas técnicas reduziram, refletindo o retorno da operação da Samarco, as obras de reforço na rede básica, a instalação de novas substações, a reconfiguração do sistema de alta tensão, além da energia da Mini e Micro Geração Distribuída. As perdas não técnicas aumentaram, refletindo às reduções das inspeções de irregularidade ao longo do ano, devido as paralisações das atividades em campo em função da pandemia em 2020.
Em relação ao 1T21, as perdas totais reduziram 0,15 p.p., decorrente da redução das perdas técnicas, efeito das obras já mencionadas.
Indicadores de qualidade
Os indicadores de qualidade, em ambas as distribuidoras, permaneceram abaixo das metas regulatórias estabelecidas pela Aneel, devido às ações de melhorias que envolvem as manutenções preventivas, como o "Projeto DEC Down" (tratamentos de desligamentos de reincidentes, melhoria de processos internos e aquisição de novas tecnologias) e a utilização de plataformas digitais para as equipes de campo (rapidez no fluxo de informações, bem como agilidade e eficiência no número de atendimentos).
Compromissos ESG
O presidente da companhia também falou de alguns pontos de seus compromissos ESG ao longo desse trimestre, com destaque para sua atuação na reinauguração do Museu da Língua Portuguesa - cuja reconstrução contou com a EDP como sua principal patrocinadora.
"Anunciamos a adesão da Companhia ao Programa Resgatando a História. Uma parceria da EDP com o BNDES e mais cinco empresas privadas que, juntos, disponibilizarão R$ 200 milhões para projetos de preservação e revitalização do patrimônio histórico e cultural brasileiro, localizados de norte a sul do país", disse Cruz.
Além disso, Cruz também ressaltou que a EDP fez questão de auxiliar os brasileiros no combate à pandemia de Covid-19, principalmente através da doação de EPIs, leitos e custeio da folha de profissionais da saúde, que permitiu a abertura de novos leitos em hospitais da rede pública. "Com estas ações, já somamos um investimento de mais de R$ 5 milhões apenas este ano", destacou o CEO.
Acesse o relatório de resultados completos da EDP Brasil.
Ações EDP do Brasil
Apesar dos resultados relativamente positivos, a EDP do Brasil abriu o dia em queda na Bolsa de Valores. Essa queda era de cerca de R$ -0,11 ou - 0,62% por volta das 10h30 da manhã dessa terça-feira, dia 27. Cada ação estava sendo vendida por cerca de R$ 17,65.
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