O Brasil vive uma crise econômica há tempos, e ela só se agravou com a chegada da pandemia do coronavírus. Infelizmente, essa crise faz ainda mais impacto nas pessoas com renda mais baixa. De acordo com os dados divulgados pelo Banco Central do Brasil nesta segunda-feia, dia 28 de junho, a dívida das famílias brasileiras é a maior desde 2005. Cerca de 58% dos lares do Brasil possuem dívidas ativas.
Os dados foram coletados através da Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar (Pnad) contínua e da Pesquisa Mensal de Emprego (PME). Ambas as pesquisas são promovidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O cálculo do endividamento das famílias é feito da seguinte maneira:
Total das dívidas bancárias / Renda das famílias
* O período considerado é de 12 meses.
Ao desconsiderar as dívidas imobiliárias, o endividamento das famílias ainda é de 35,7%, um valor alto e também recordista nos últimos anos.
Porque a dívida das famílias brasileiras está tão alta?
Como dissemos anteriormente, as famílias brasileiras já sentiam a crise econômica que ocorria desde meados de 2014/2015. A prova disso é que antes da pandemia, o endividamento total das famílias já estava em 49,4%. Entretanto, as consequências da pandemia em 2020 agravaram ainda mais esse cenário.
Com a crise sanitária houve muito desemprego e redução de jornada combinada com redução de salário. Desse modo, muitas famílias que não conseguiam pagar suas contas no mês acabavam apelando para o crédito.
Porém, as coisas não melhoraram com o passar do tempo e boa parte dessas famílias que apelaram para o crédito não conseguiram pagá-lo. E você sabe o que acontece: a famosa bola de neve. As dívidas vão se acumulando e crescendo com os juros sob juros.
Ainda de acordo com os dados do Banco Central, as famílias estão com ceca de 30,5% das suas rendas comprometidas com dívidas, valor que era de 30% em março de 2020. Ao desconsiderar financiamento imobiliário, as dívidas tomavam 27,7% das rendas familiares em março do ano passado, contra 27,9% em março deste ano.
Mais crédito
De acordo com os dados do BC, os bancos ofereceram mais crédito aos consumidores brasileiros. Em maio houve um aumento de 2,2% na concessão de crédito em comparação ao mes de abril. Se considerar os últimos 12 meses, a alta foi de 2,0%.
A concessão para pessoas físicas representaram uma alta de 4,8% no ano, e de 4,3% em maio quando comparado ao mês anterior. Para PJ, o aumento foi de 0,2% em maio quando comparado a abril. Entretanto, ao considerar os últimos 12 meses, houve um recuo de 0,9%.
Apensar da queda nos juros do cartão, risco de inadimplência aumentou
Na hora do aperto, muitas famílias apelaram para o cheque especial e para o rotativo do cartão de crédito. Embora essas modalidades sejam conhecidamente de juros altos, houve uma queda na taxa.
A média dos juros cobrado pelas instituições financeiras no rotativo do cartão de crédito caiu 6,5 pontos porcentuais de abril para maio, de 336,1% para 329,6% ao ano. No caso de parcelamento da fatura, os juros caíram de 165,7% para 164,4% ao ano. Ao considerar o total dos juros, que abrange os juros do rotativo e do parcelado, a taxa caiu de 65,5% para 62,0% ao ano.
Além disso, no ano de 2017 houve uma alteração na lei visando a queda dos juros. Desde este ano, as instituições financeiras são obrigadas a migrar a dívida do rotativo para o parcelado após um mês. O parcelado tem juros mais baixos.
Essa mudança deveria fazer com que o risco de inadimplência recuasse. Entretanto, esse risco aumentou por causa das consequências econômicas da pandemia, com a redução da renda de muitas famílias.
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