A partir dessa quarta-feira, 1º de setembro, a conta de energia elétrica no Brasil vai ficar mais cara. Sim, mais uma vez a tarifa de energia foi reajustada. Isso porque a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) criou uma nova bandeira tarifária, tendo como base o cenário de crise hídrica que o país vive, a pior da história em mais de 90 anos.
O anúncio da nova bandeira foi feito nessa terça-feira, 31 de agosto e ela foi batizada de bandeira de escassez hídrica. A taxa será de R$ 14,20 para cada 100 kilowatt-hora (KWh) consumidos. A tarifa anterior, que já era a mais cara, por ser a Bandeira Vermelha Patamar 2, custava R$ 9,492 pela mesma energia consumida. Ou seja, um aumento de R$ 4,71, cerca de 50%.
E ela já entra em vigor a partir dessa quarta-feira, 1º setembro, permanecendo vigente até abril do ano que vem. Os objetivos desse aumento são, por um lado, desestimular o consumo, diminuindo assim a necessidade de geração de energia, e por outro, diminuir um pouco o déficit de arrecadação causado pelo aumento nos custos de geração.
Desde maio/junho, o Brasil vem acionando mais termelétricas do que o normal para conseguir geral energia suficiente a todos os brasileiros, porém, a energia que é produzida a partir delas é bem mais cara do que a energia proveniente das hidrelétricas. Segundo o diretor-geral da Aneel, André Pepitone, esse déficit já é superior a R$ 5 bilhões.
É preciso reduzir o consumo
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, garantiu que as medidas são suficientes para garantir a oferta. "Nós trabalhamos para ter a oferta suficiente para a demanda de todas as unidades consumidoras no país. Estamos presenciando a maior seca que o país, o Brasil, já passou. E isso com reflexos na capacidade dos nossos reservatórios das usinas hidrelétricas", afirmou durante coletiva de imprensa para anunciar as novas medidas, em Brasília.
Ainda de acordo com o ministro, as medidas que vêm sendo adotadas até agora estão surtindo efeito, mas a situação ainda está longe da normalidade. "Nós estamos em condições melhores do que estávamos no início do mês de agosto. E isso mostra que as medidas estão surtindo efeito, mas ainda não nos levam à uma situação de normalidade ou mesmo de conforto, por isso que nós estamos adotando todas essas demandas".
Brasil vai importar energia de países vizinhos
Segundo a Aneel, mesmo com o reajuste recente das bandeiras tarifárias, incluindo a criação do patamar 2 da bandeira vermelha, em junho, a arrecadação extra para custear o aumento da geração de energia segue insuficiente. Além disso, o Brasil precisará importar energia de países vizinhos, ao custo de R$ 8,6 bilhões.
"Nós temos que ter uma geração adicional para enfrentar a escassez hídrica. Nessa geração adicional está contemplada a importação de energia da Argentina e do Uruguai, geração termoelétrica adicional", explicou Pepitone, em coletiva de imprensa para anunciar as novas medidas.
Tarifa média vai subir
Todos os consumidores do mercado cativo das distribuidoras de energia elétrica serão abrangidos pela nova bandeira tarifária, com exceção dos moradores de Roraima, único estado que não está interligado ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e das cerca de 12 milhões de famílias inscritas no programa Tarifa Social de Energia Elétrica.
Segundo a Aneel, como a tarifa média da conta é R$ 60 reais a cada a 100 KWh, resultando em uma conta final de R$ 69,49, no caso da incidência da bandeira vermelha patamar 2 (R$ 9,49), o valor da conta de luz com a nova bandeira de escassez hídrica ficará, em média, 6,78% mais cara, chegando a R$ 74,20 (R$ 60 de tarifa média + taxa extra de R$ 14,20 da nova tarifa).
Governo vai dar descontos para quem reduzir consumo
No anúncio das mudanças na tarifa, o Ministério de Minas e Energia também deu mais detalhes sobre o Programa de Redução Voluntária de energia elétrica, voltado para os chamados consumidores regulados, que incluem empresas.
O governo vai pagar um prêmio de R$ 50 por 100 kWh reduzido. O patamar de redução é de no mínimo 10%, limitado a 20%. A expectativa da pasta é obter uma redução média de 15% do consumo.
Se isso ocorrer, a expectativa é reduzir a demanda de energia em 914 megawatt hora (mWh) médio, volume de energia suficiente para atender 4 milhões de domicílios e que representa cerca de 1,41% da carga do Sistema Interligado Nacional. O programa vai perdurar até o final do ano que vem.
Os cidadãos de baixa renda inscritos na tarifa social também poderão participar do Programa de Incentivo à Redução Voluntária do consumo de energia.
Com informações Agência Brasil.
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