Estamos passando por uma explosão de oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). Apesar de muitas empresas desistirem da abertura de capital no país, a quantidade de IPO ainda impressiona: entraram 26 novas empresas na bolsa de valores (B3) em 2020, outras 13 chegaram ao mercado de capitais em 2021 e ainda há uma lista de 30 pedidos de IPO pendentes neste ano, segundo os atuais registros da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
De outro lado, temos o cenário de fundos imobiliários (FII) que segue entre os tipos de investimentos mais recomendados por especialistas.
Em meio a isso, mesmo diante dos riscos, algumas pessoas buscam formas de ganhar dinheiro com essas operações - que movimentam de milhões a bilhões de reais e que recebem atenção não só do investidor pessoa física, mas também de grandes fundos e instituições.
Aqui entra a Flipagem, uma forma de especulação que pode trazer ganhos em prazo muito curto em IPO e FII. Quer saber como ela funciona? Então veja abaixo a matéria que o Poupar Dinheiro preparou para você.
Antes de ir à Flipagem, é preciso entender muito bem o que é um IPO e um Fundo de Investimento Imobiliário (FII):
O que é IPO, afinal?
IPO é a sigla de Initial Public Offering, ou "oferta pública inicial" em português. Trata-se de uma operação formal que permite a primeira venda de ações de uma empresa ao mercado. Então, após o IPO, essas ações da empresa começam a ser negociadas na bolsa de valores, que no caso do Brasil é a B3. O IPO pode contar com dois tipos de venda de ações:
- Distribuição Primária: onde a empresa emite novas ações e, assim, já que as ações pertenciam a ela, todos os recursos levantados no IPO vão para o caixa da companhia, que pode usá-los em projetos de crescimento, por exemplo;
- Distribuição Secundária: onde há a oferta pública inicial (venda) de ações que já existem, ou seja, cotas da empresa que estejam sob titularidade do empreendedor e/ou de seu atual acionista, ambos chamados de "acionistas vendedores" no IPO;
- Distribuição Primária e Secundária de ações: neste caso, o IPO conta com as distribuições primária e secundária de ações, sendo que parte do dinheiro levantado vai para o caixa da empresa e outra parte é destinada aos acionistas vendedores. Vale destacar que também é possível que a empresa faça só um tipo de distribuição de ações.
Entre as várias etapas do IPO, há a reserva de ações, sendo o momento de algumas semanas antes da estreia da empresa na bolsa de valores; é um prazo estipulado para a reserva das ações da empresa, antes que ela chegue ao mercado. Tanto investidores do tipo pessoa física quanto jurídica podem participar - onde é aqui que a flipagem começa, como você entenderá mais abaixo.
IPO é a operação necessária para a listagem de uma empresa na Bolsa de Valores - que no caso do Brasil é a B3. Concluindo um IPO, a empresa vira uma sociedade anônima de capital aberto, por isso fala-se em "abertura de capital".
O que é um FII?
O Fundo de Investimento Imobiliário (FII) é, como o nome sugere, uma aplicação financeira cujos ativos estão atrelados a imóveis. É como se fosse um condomínio de acionistas cujo objetivo é investir no desenolvimento e manutenção de projetos ligados ao setor imobiliário. A principal forma de ganho é a distribuição do lucro obtido pelos empreendimentos - sendo que o investidor também ganha com a valorização dos ativos no mercado financeiro. Atualmente, existem vários tipos de FII, sendo:
- Fundo Imobiliário (FII) de Tijolo: são fundos de imóveis físicos, que geralmente têm como renda o aluguel dos empreendimentos. Também envolve a construção e compra de novos imóveis. São exemplos de ativos de FII de tijolo os shopping centers, supermercados, galpões logísticos, escritórios de empresas e universidades;
- Fundo Imobiliário (FII) de Papel: esse tipo de fundo imobiliário compra títulos financeiros (papéis), ao invés de imóveis físicos, mas que estejam ligados ao setor imobiliário. É o caso de cotas de outros FII's, Letras de Crédito Imobiliário (LCI), dentre outros;
- FII híbrido: aqui o gestor do fundo investe tanto em imóveis físicos (de tijolo) quanto em papéis de ativos imobiliários;
- Fundo de Fundo (FOF): já os FOF's são compostos de cotas (partes) de outros fundos imobiliários.
Desta forma, ao comprar cotas de um FII, você entra para o conjunto de donos (sócios) do empreendimento e/ou se expõe a ativos ligados ao setor imobiliário.
Finalmente, veja abaixo o que é a técnica chamada Flipagem e como ela é aplicada em IPO e FII.
O que é Flipagem e como ela funciona?
A Flipagem é uma técnica especulativa onde ocorre a compra antecipada de ativos, seja no período de reserva de um IPO ou por nova emissão de cotas de um FII.
Com isso, o objetivo do flipper (nome dado ao especulador que aplica a flipagem) é vender os ativos antes comprados no mesmo dia em que as ações/cotas são lançadas no mercado, momento em que se espera otimismo.
O detalhe, e fator primordial à flipagem, é que geralmente o desempenho das ações ou cotas nas primeiras horas do pregão de estreia costuma ser positivo, em razão do otimismo dos investidores. Assim, quando isso acontece, o flipper pode ter ganhos expressivos com a venda dos ativos.
Entretanto, o problema é que nem sempre a empresa que acaba de fazer IPO ou as novas cotas do FII são bem recebidas pelo mercado, gerando então pessimismo e puxando os ativos para queda. Neste caso, o flipper não teria lucro e sim perda de dinheiro se entrasse com ordem de venda.
A Flipagem é uma técnica de especulação onde há a compra antecipada de ativos (ações/cotas) para posterior venda no dia de estreia ao mercado, quando o especulador espera que haja otimismo o bastante para explodir a cotação. Se há alta, o flipper tem ganhos a curtíssimo prazo; se há queda, o prejuízo é significativo.
Flipagem em IPO
A Flipagem em IPO começa na etapa de reserva das ações da empresa. É nesse momento que o flipper põe em prática a técnica de especulação: comprando as ações da empresa durante o IPO, antes que ela chegue ao mercado, com a expectativa de que ela seja bem recebida e que consequentemente as ações mostrem alta na estreia na bolsa de valores.
Ou seja, para fazer flipagem em IPO, é preciso comprar as ações da empresa durante o período de reserva e depois vender os papéis no primeiro dia de negociação, na estreia na B3, no momento em que haja oportunidade de ganhos.
Para isso, o especulador acompanha todo o processo de abertura de capital da empresa, da solicitação junto à CVM até a abertura da reserva das ações, para tentar descobrir se há potencial de ganho com a técnica naquele determinado IPO, sendo então uma técnica especulativa com risco alto, visto que não são todas as novas ações que têm alta na Bolsa de Valores após a abertura de capital.
Flipagem em FII
A Flipagem em fundos imobiliários (FII) consiste em adquirir as novas cotas emitidas pelo fundo, seja no follow-on ou no lançamento do fundo ao mercado. Perceba que a essência da flipagem é a mesma: comprar ativos com antecedência para tentar lucrar com a valorização deles nas primeiras horas de estreia, que pode ser intensa.
Quanto ao follow-on:
Saiba que se trata de uma operação onde há a emissão de novas cotas de um fundo (ou a emissão de novas ações de uma empresa), que já existe no mercado financeiro. No follow-on, o flipper tem mais uma oportunidade de comprar ativos com antecedência e assim dar sequência à técnica no dia de lançamento.
Quais os riscos da Flipagem?
Assim como você aprendeu aqui com o Poupar Dinheiro, a flipagem é uma técnica especulativa - e de alto risco. Isso porque os ativos comprados são negociados no mercado variável, onde não é possível ter uma rentabilidade garantida, tampouco adivinhar o desempenho das ações/cotas.
Desta forma, as ações listadas na bolsa após o IPO podem sofrer forte queda, ao invés de se valorizarem na estreia. Da mesma forma, as cotas do FII podem encontrar desvalorização. Nesses casos, o especulador teria que abortar a operação - tendo que esperar a recuperação dos ativos, por exemplo-, ou aceitar o prejuízo.
O que é Flipagem?
Flipagem é uma técnica especulativa onde ocorre a compra antecipada de ativos, seja no período de reserva de um IPO ou por nova emissão de cotas de um FII, para venda já no lançamento dos ativos ao mercado.
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