O Ibovespa, mais importante índice da bolsa de valores brasileira, encerrou a quarta-feira, dia 17 de novembro em 102.948,45 mil pontos, zerando todos os ganhos que já havia alcançado até aqui em novembro e nessa quinta-feira, dia 18, depois de um dia de oscilações entre a faixa dos 102 e 103 mil, encerrou o dia com uma pontuação de 102.388, 0,5% mais baixa do que o registrado no fechamento anterior.
Não há uma única explicação para a bolsa estar tão em baixa nesse momento - no patamar mais baixo do ano -, mas um conjunto delas. De um lado as já cansativas discussões sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios que vem intereferindo nos mercado financeiro há várias semanas. De outro, a temporada de resultados trimestrais, que vai chegando ao fim com resultados bastante medianos. E há também o preço do mimério de ferro, que impacta nas ações da Vale e consequentemente no Ibovespa.
PEC gera novas polêmicas
Em relação à PEC, a novidade do momento é que após uma votação cheia de polêmicas na Câmara, em dois turnos, o texto base chegou ao Senado sem quase nenhuma alteração (mesmo com todo o falatório que gerou) e o que os senadores estão dizendo é que, se os deputados não fizeram mudanças, eles irão fazer.
A ideia é que se busque uma alternativa que abra espaço no orçamento do governo para que seja possível o pagamento dos benefícios já prometidos, como o Auxílio Brasil, que deverá ter uma parcela média de R$ 400, mas que também permita o pagamento dos precatórios, que são as dívidas judiciais da União, já que a ninguém mais no Brasil é permitido escolher se quer ou não pagar suas contas, não é mesmo?
Perspectivas negativas
Outro ponto que influenciou no desempenho do Ibovespa foram as perspectivas não muito favoráveis do próprio Governo Federal para o ano de 2021 e 2022. No Boletim MacroFiscal divulgado pelo Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia nessa quarta-feira, dia 17, foi apontada uma redução da projeção de crescimento da economia de 5,3% para 5,1%.
Além disso, o documento também elevou a estimativa para a inflação, de 7,9% para 9,7%, por influência da alta nos preços dos combustíveis e energia elétrica. Entre os fatores que contribuíram para essa revisão está a piora nas condições financeiras do país, além da influência internacional, como a crise energética enfrentada por alguns países europeus e pela China, causando quebr de cadeias produtivas e prejudicando a indústria como um todo.
Em função disso, as projeções da SPE para o crescimento da economia em 2022 também foram impactadas. A expansão do PIB, assim como em 2021, também foi encolhida de 2,5% para 2,1% - ainda bem acima da expectativa do mercado financeiro para o PIB, que é de 0,93% atualmente, segundo o Último Boletim Focus divulgado pelo Banco Central.
Segundo o governo, esse valor superior projetado pela secretaria se deve ao alto volume de investimento privado para o ano que vem, principalmente em infraestrutura, e aos dados positivos do mercado de trabalho, que vem se recuperando da queda na pandemia. Apesar da taxa de desemprego ainda estar em patamar elevado, 13,2% da população economicamente ativa, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), "nota-se continuidade da recuperação do emprego, com alta da população ocupada, tanto informal quanto formal".
A estimativa é de 5 milhões a mais de trabalhadores estejam ativos no mercado nos próximos 12 meses.
Guedes está preocupado com a inflação
Além disso, ao participar de um evento virtual na tarde de ontem, dia 17, o ministro da Economia, Paulo Guedes também mostrou preocupação com a inflação. Ele disse que a resiliência a ela será o grande desafio da economia brasileira em 2022 e que as previsões de baixo crescimento para o próximo ano podem não se confirmar, com os mais pessimistas do mercado se surpreendendo com as previsões de crescimento entre 0% e 1% do Produto Interno Bruto (PIB).
"O problema não será crescimento baixo, o problema será inflação resiliente. A inflação provavelmente será um pouco acima do que vocês estão prevendo, mas o crescimento também será maior do que vocês estão prevendo, então vamos ver. Eu não faço previsões, eu faço piada de previsões, de previsões erradas", declarou o ministro em inglês ao participar de evento virtual promovido por um banco brasileiro.
Em outubro, puxada pelo aumento de preços de combustíveis e alimentos, a inflação acelerou 1,25%, a maior para o mês desde 2002, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, o indicador acumula altas de 8,24% no ano e de 10,67% nos últimos 12 meses.
Para 2022, a projeção da SPE para o IPCA passou de 3,75% para 4,7%. A partir de 2023, a estimativa converge para a meta: 3,25% em 2023 e 3% de 2024 em diante. Para 2022 e 2023, as metas do CMN são 3,5% e 3,25%, respectivamente, com o mesmo intervalo de tolerância, de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
De acordo com o boletim, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) deverá encerrar este ano com variação de 10%. Já a inflação projetada para o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), que inclui também o setor atacadista e o custo da construção civil, além do consumidor final, é de 18,7%.
Vale fica entre as maiores quedas do dia
As ações da Vale (VALE3) uma das empresas de maior peso no Ibovespa, foram as mais movimentadas na quinta-feira, e ela encerram o dia com uma queda de 4,11%, umas das maiores registradas no dia, com cada papel custando R$ 62,33.
Segundo especialistas, esse desempenho da empresa é resultado de uma queda nos preços do minério de ferro, que também chegaram ao seu menor nível em mais de um ano. Na Bolsa de Dalian, a commodity fechou em queda de 5,1%, a US$ 80,21 dólares e segue em queda nos primeiros negócios da sexta-feira.
Dólar sobe, é claro
Por outro lado, como já era de se esperar, o dólar registrou alta significativa nessa quinta-feira, fechando em R$ 5,569 na compra e R$ 5,570 na venda, ou seja, uma elevação de 0,83%. Já o dólar futuro com vencimento em dezembro de 2021 subiu 0,51% a R$ 5,568 próximo ao fechamento.
Com informações Agência Brasil.
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