A cada compra no supermercado, toda vez que você abastece, a cada troca de botijão de gás, ou ainda, a cada conta de luz que você pagou este ano, certamente você sentiu o peso no bolso. Em suma, a inflação fez com que você comprasse cada vez menos, com o mesmo dinheiro.
A elevação dos preços não é algo exclusivamente dos brasileiros. O mundo também está sentindo a alta da inflação em 2021. Entretanto, ao olhar para os números, dá para notar que o Brasil está em destaque negativo.
De acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), a inflação média estimada para 2021 é de 2,8% em economias desenvolvidas e de 5,5% em mercados emergentes, como o Brasil. Entretanto, quem vem acompanhando o noticiário, percebe que aqui no Brasil, a inflação vai ficar acima dos 10% no ano. Ou seja, bem acima da média de 5,5%.
Como estão os demais países do G20?
Em suma, o Brasil faz parte do G20, grupo das maiores economias do mundo. A média da inflação em 2021 do grupo como um todo, está em 5.2%. Ou seja, acima dos 3,7% projetados pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Inclusive, o Brasil com seus mais de 10%, tem a 3ª maior inflação do ano.
País | Inflação em 12 meses (até nov. 21) |
Argentina | 51,2% |
Turquia | 21,31% |
Brasil | 10,74% |
Rússia | 8,4% |
México | 7,37% |
Estados Unidos | 6,8% |
África do Sul | 5,5% |
Alemanha | 5,2% |
Índia | 4,91% |
Canadá | 4,7% |
Reino Unido | 5,1% |
Coreia do Sul | 3,7% |
Itália | 3,7% |
Austrália | 3%* |
França | 2,8% |
China | 2,3% |
Indonésia | 1,75% |
Arábia Saudita | 1,1% |
Japão | 0,1%* |
Fonte: Trading Economics
Por que o G20 é importante para a economia global?
Compreender como está a economia do G20 é como ter uma fotografia de como está o mundo, e em que direção ele pode ir. É dito isso, pois este grupo de países concentra 80% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial, 75% do comércio global e 60% da população do mundo.
O G20 é composto por 8 países mais ricos do mundo, e outros considerados emergentes, aqueles que estão em desenvolvimento. O Brasil integra esse grupo, que foi criado em 1999, para que os ministros e os representantes de bancos centrais conversassem sobre estratégias para estabilizar a economia global.
A necessidade surgiu depois das crises econômicas ocorridas no México (1994), na Ásia (1997) e na Rússia (1998). Assim, o grupo ganhou ainda mais importância depois da crise financeira de 2008.
Em suma, a alimentação e a energia subiram em todos os países do mundo. E por conta disso, são as categorias que mais pesam no bolso das pessoas, em especial as de baixa renda. Os preços dos bens duráveis como o carro e a geladeira também aumentaram, principalmente porque não há insumos para produzir esses produtos. E todo esse caos, acontece por um único motivo: a pandemia.
"A inflação pode continuar surpreendendo, por conta de pressões de fornecimento e pelo aumento mais forte nos custos de energia. O aumento dos preços pode atingir o pico no final de 2021, passando para níveis moderados com a queda do desemprego no mundo", afirma a OCDE.
E por que no Brasil ela está tão alta?
Embora a pandemia prejudique o mundo todo, cada país tem uma realidade econômica local, que reduz ou aumenta ainda mais, o problema. E no Brasil, a inflação está mais grave do que na maioria dos países do G20.
O Brasil não estava em uma boa fase econômica quando a pandemia surgiu, e deixou tudo em suspenso. Dessa forma, reduziu drasticamente, as estimativas de crescimento. Em 2019, por exemplo, o Brasil cresceu apenas 1,1%.
Entretanto, a economia não anda sozinha, isolada do ambiente. No meio do caminho, ela achou problemas que ajudaram para a inflação no Brasil aumentar mais do que em outros países do G20. Dentre eles, é possível citar:
- Escassez hídrica: chove pouco no Brasil desde o início do ano. E assim, foi necessário usar as usinas termelétricas, com operações mais caras, para compensar a perda de energia gerada pelas hidrelétricas.
- Energia e comida caras: assim como a população em geral, as indústrias e empresas também precisam de energia elétrica para operar. Logo, tudo fica mais caro, já que foi necessário repassar os custos aos consumidores. Além disso, a falta de chuva, fez com que a oferta de alimentos e grãos também ficasse menor, e assim os preços dispararam.
- Desvalorização do real, e alta do dólar: a forte valorização do dólar também contribui para o aumento da inflação do Brasil. No 3º trimestre de 2021, o real ficou 31% mais fraco, conforme o estudo da FGV. E assim, as empresas preferem exportar e receber em dólar, do que vender nacionalmente, e ganhar em real.
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