A inflação é um dos grandes desafios da economia enfrentados pelos países. Inclusive, se engana quem pensa que é só o Brasil que vive um quadro de grandes pressões inflacionárias, mas também, as grandes economias como os Estados Unidos e o Reino Unido.
Em geral, dentre os motivos que levaram a essa alta mundial da inflação, é possível citar a pandemia e os lockdowns decorrentes da mesma. E posterior a isso, a guerra entre a Ucrânia e a Rússia aumentou ainda mais a pressão inflacionária.
Sendo assim, veja abaixo, as causas reais da inflação, e como ela está no Brasil e em outros países do mundo.
O que levou ao aumento da inflação no Brasil e no Mundo?
O fator que liga as pressões inflacionárias pelo mundo é a pandemia. Em geral, a obrigatoriedade de fazer lockdowns para evitar que a doença se espalhasse desorganizou as cadeias de produção, o fornecimento e o transporte. E assim, houve a redução da oferta de uma série de produtos.
Na medida em que as economias foram reabrindo, por conta do avanço da vacinação, a demanda retomou com intensidade. Entretanto, os gargalos não foram solucionados na mesma velocidade, e assim, os descompassos levaram a pressões inflacionárias.
Posterior a isso, quando o cenário começou a ficar mais tranquilo, no começo de 2022, outro elemento comum à inflação ao redor do mundo apareceu: a guerra na Ucrânia.
Em suma, o conflito envolveu as disrupções de cadeias que passavam pelos países da Europa (como o fornecimento de gás e petróleo), bem como as sanções de países Ocidentais contra a Rússia que buscaram isolar o país da economia mundial.
E assim, como consequência da guerra e dessas sanções, os produtos produzidos nos dois países, como grãos, fertilizantes, petróleo e gás, atingiram níveis recordes. E como os preços internacionais valem para todos os países, ocorreu um efeito em cadeia.
Ademais, é importante citar as características de cada país que pioraram, ou aliviaram, o quadro inflacionário. Porém, um número cada vez maior de países vem elevando os juros para lidar com níveis recordes de inflação.
Como está a inflação no Brasil e no mundo?
Atualmente, o Brasil tem a 4ª maior alta de preços anual (11,7%), e só fica atrás de nações que passam por graves crises inflacionárias, como Turquia (73,5%), Argentina (58%) e Rússia (17,1%), segundo ranking com 23 países compilado pela Austin Rating.
Os 11,73% de inflação acumulada em 1 ano colocam o Brasil à frente não só dos países desenvolvidos, como Reino Unido (9,%), Estados Unidos (8,6%) e França (5,2%), bem como de emergentes como Índia (7,8%), México (7,8%), África do Sul (5,9%) e Indonésia (3,6%).
A Turquia vive um momento difícil desde que o presidente Recep Tayyip Erdoğan demitiu o presidente do Banco Central do país e forçou a queda dos juros. Logo, isso fez a Bolsa de Istambul despencar em meio a circuit breakers, a lira turca derreteu e o rendimento dos títulos da Turquia dispararam.
Enquanto isso, a Argentina sofre há anos com a hiperinflação. E a Rússia viu a sua inflação aumentar por conta da série de sanções que os países ocidentais adotaram contra o país, depois da inflação na Ucrânia, no final de fevereiro.
Já nos EUA, a inflação aumentou 1% em maio, na comparação com abril, bem acima do esperado pelo mercado. E assim, a inflação anual subiu de 8,3% para 8,6%.
A partir disso, na Zona do Euro, a inflação anual está em 8,1%. François Villeroy de Galhau, membro do conselho do Banco Central Europeu (BCE), afirma que a inflação na Zona do Euro "não apenas está elevada, mas muito disseminada". Diante disso, é necessário apertar a política monetária.
Ranking da inflação
Abaixo, veja o ranking da inflação, a partir da pesquisa da Austin Rating:
Posição | País | Inflação em 12 meses* |
1 | Turquia | 73,5% |
2 | Argentina | 58,0% |
3 | Rússia | 17,1% |
4 | Brasil | 11,7% |
5 | Reino Unido | 9,0% |
6 | Holanda | 8,8% |
7 | Espanha | 8,7% |
8 | Estados Unidos | 8,6% |
9 | Alemanha | 7,9% |
10 | Índia | 7,8% |
11 | México | 7,7% |
12 | Itália | 6,9% |
13 | Canadá | 6,8% |
14 | África do Sul | 5,9% |
15 | Singapura | 5,4% |
16 | Coreia do Sul | 5,4% |
17 | França | 5,2% |
18 | Austrália | 5,1% |
19 | Indonésia | 3,6% |
20 | Suíça | 2,9% |
21 | Japão | 2,5% |
22 | Arábia Saudita | 2,3% |
23 | China | 2,1% |
Histórico da inflação no Brasil
Desde 1999, o Brasil adota um regime de metas, onde a inflação tem se situado dentro do intervalo de tolerância na maioria dos anos-calendários. E mesmo com os choques significativos que colocaram a inflação temporariamente fora do intervalo de tolerância, a inflação voltou à trajetória das metas.
O sistema trouxe ainda, altos níveis de transparência e responsabilização. Por exemplo: o comunicado e a ata das reuniões do Copom, e o Relatório de Inflação, trazem a visão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a economia e as razões das decisões tomadas.
Ademais, vale ressaltar que a inflação ficou fora do intervalo de tolerância em 6 anos: 2001, 2002, 2003, 2015, 2017 e 2021. Abaixo, confira o histórico da inflação no Brasil, de acordo com os dados do Banco Central.
Ano | Norma | Data | Meta (%) | Tamanho do intervalo +/- (p.p.) | Intervalo de tolerância (%) | Inflação efetiva (Variação do IPCA, %) |
---|---|---|---|---|---|---|
1999 | Resolução CMN nº 2.615 |
30/6/1999 |
8 | 2 | 6-10 | 8,94 |
2000 | 6 | 2 | 4-8 | 5,97 | ||
2001 | 4 | 2 | 2-6 | 7,67 | ||
2002 | Resolução CMN nº 2.744 | 28/6/2000 | 3,5 | 2 | 1,5-5,5 | 12,53 |
2003* | Resolução CMN nº 2.842 Resolução CMN nº 2.972 |
28/6/2001 27/6/2002 |
3,25 4 |
2 2,5 |
1,25-5,25 1,5-6,5 |
9,30 9,30 |
2004* | Resolução CMN nº 2.972 Resolução CMN nº 3.108 |
27/6/2002 25/6/2003 |
3,75 5,5 |
2,5 2,5 |
1,25-6,25 3-8 |
7,60 |
2005 | Resolução CMN nº 3.108 | 25/6/2003 | 4,5 | 2,5 | 2-7 | 5,69 |
2006 | Resolução CMN nº 3.210 | 30/6/2004 | 4,5 | 2,0 | 2,5-6,5 | 3,14 |
2007 | Resolução CMN nº 3.291 | 23/6/2005 | 4,5 | 2,0 | 2,5-6,5 | 4,46 |
2008 | Resolução CMN nº 3.378 | 29/6/2006 | 4,5 | 2,0 | 2,5-6,5 | 5,90 |
2009 | Resolução CMN nº 3.463 | 26/6/2007 | 4,5 | 2,0 | 2,5-6,5 | 4,31 |
2010 | Resolução CMN nº 3.584 | 01/7/2008 | 4,5 | 2,0 | 2,5-6,5 | 5,91 |
2011 | Resolução CMN nº 3.748 | 30/6/2009 | 4,5 | 2,0 | 2,5-6,5 | 6,50 |
2012 | Resolução CMN nº 3.880 | 22/6/2010 | 4,5 | 2,0 | 2,5-6,5 | 5,84 |
2013 | Resolução CMN nº 3.991 | 30/6/2011 | 4,5 | 2,0 | 2,5-6,5 | 5,91 |
2014 | Resolução CMN nº 4.095 | 28/6/2012 | 4,5 | 2,0 | 2,5-6,5 | 6,41 |
2015 | Resolução CMN nº 4.237 | 28/6/2013 | 4,5 | 2,0 | 2,5-6,5 | 10,67 |
2016 | Resolução CMN nº 4.345 | 25/6/2014 | 4,5 | 2,0 | 2,5-6,5 | 6,29 |
2017 | Resolução CMN nº 4.419 | 25/6/2015 | 4,5 | 1,5 | 3,0-6,0 | 2,95 |
2018 | Resolução CMN nº 4.499 | 30/6/2016 | 4,5 | 1,5 | 3,0-6,0 | 3,75 |
2019 | Resolução CMN nº 4.582 | 29/6/2017 | 4,25 | 1,50 | 2,75-5,75 | 4,31 |
2020 | Resolução CMN nº 4.582 | 29/6/2017 | 4,00 | 1,50 | 2,50-5,50 | 4,52 |
2021 | Resolução CMN nº 4.671 | 26/6/2018 | 3,75 | 1,50 | 2,25-5,25 | 10,06 |
2022 | Resolução CMN nº 4.724 | 27/6/2019 | 3,50 | 1,50 | 2,00-5,00 | |
2023 | Resolução CMN nº 4.831 | 25/6/2020 | 3,25 | 1,50 | 1,75-4,75 | |
2024 | Resolução CMN nº 4.918 | 24/6/2021 | 3,00 | 1,50 | 1,50-4,50 | |
2025 | Resolução CMN nº 5.018 | 23/6/2022 | 3,00 | 1,50 | 1,50-4,50 | |
O que levou ao aumento da inflação no Brasil e no Mundo?
O fator que liga as pressões inflacionárias pelo mundo é a pandemia. A obrigatoriedade de fazer lockdowns para evitar que a doença se espalhasse desorganizou as cadeias de produção. Posterior a isso, quando o cenário começou a ficar mais tranquilo, no começo de 2022, outro elemento comum à inflação ao redor do mundo apareceu: a guerra na Ucrânia.
Como está a inflação no Brasil e no mundo?
Atualmente, o Brasil tem a 4ª maior alta de preços anual (11,7%), e só fica atrás de nações que passam por graves crises inflacionárias, como Turquia (73,5%), Argentina (58%) e Rússia (17,1%), segundo ranking com 23 países compilado pela Austin Rating.
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