O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho apresentou alta de 0,96%, disse o IBGE na manhã dessa terça-feira, 10 de agosto. Esse resultado é 0,43 ponto percentual acima da taxa de 0,53% registrada em junho. Essa também é a maior variação para um mês de julho desde 2002, quando o índice foi de 1,19%.
Ainda de acordo com os dados do IBGE, no ano, o IPCA acumula alta de 4,76% e, nos últimos 12 meses, de 8,99%, acima dos 8,35% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em julho de 2020, a variação mensal havia sido de 0,36%.
O resultado total do IPCA também ficou acima da previa (IPCA-15) que foi divulgada ainda em julho e que estava em 0,72%.
Veja mais detalhes na tabela abaixo:
Período | Taxa |
Julho de 2021 | 0,96% |
Junho de 2021 | 0,53% |
Julho de 2020 | 0,36% |
Acumulado no ano | 4,76% |
Acumulado nos últimos 12 meses | 8,99% |
Habitação é o que mais impacta nos resultados
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito apresentaram alta em julho. A maior variação (3,10%) e o maior impacto (0,48 p.p.) vieram de Habitação.
A segunda maior contribuição (0,32 p.p.) veio do grupo Transportes (1,52%), que acelerou em relação ao mês anterior (0,41%). Na sequência, veio Alimentação e bebidas (0,60% e 0,13 p.p.), cujo resultado também ficou acima do registrado em junho (0,43%).
Por sua vez, o grupo Saúde e cuidados pessoais (-0,65%) apresentou queda e contribuiu com -0,09 p.p. no índice geral. Os demais grupos ficaram entre o 0,12% de Comunicação e o 0,78% de Artigos de residência.
O quadro abaixo mostra esses dados com mais detalhes:
Habitação: energia elétrica pesa no bolso
O resultado de Habitação (3,10%) foi influenciado pela alta da energia elétrica (7,88%), que acelerou em relação ao mês anterior (1,95%) e registrou o maior impacto individual no IPCA de julho (0,35 p.p.). A bandeira tarifária vermelha patamar 2 vigorou nos meses de junho e julho. Contudo, a partir de 1º de julho, houve reajuste de 52% no valor adicional dessa bandeira tarifária, que passou a cobrar R$ 9,492 a cada 100 kWh consumidos. Antes, o acréscimo era de R$ 6,243.
Além disso, o resultado é consequência dos reajustes tarifários de 11,38% em São Paulo (12,45%), a partir de 4 de julho, de 8,97% em Curitiba (11,34%), a partir de 24 de junho, e de 9,08% em uma das concessionárias de Porto Alegre (8,02%), a partir de 19 de junho. Este último não havia sido incorporado no IPCA de junho e, por isso, foi captado em sua totalidade no índice de julho.
Ainda em Habitação, os preços do gás de botijão (4,17%) e do gás encanado (0,48%) também subiram. No subitem gás encanado, houve contribuição residual referente ao reajuste de 9,63% no segmento residencial em São Paulo (0,83%) a partir de 31 de maio.
Os subitens aluguel residencial (0,93%) e condomínio (0,66%) aceleraram em relação ao mês anterior, cujas altas haviam sido de 0,48% e 0,49%, respectivamente. Destaca-se também a variação da taxa de água e esgoto (0,33%), por conta dos reajustes de 6,90% em Porto Alegre (3,19%), vigente desde 1º de julho, e de 1,62% em Campo Grande (0,27%), ocorrido em 24 de julho. Em Brasília (-0,35%), houve redução média de 2,74% a partir de 1º de junho.
Transportes: passagens aéreas e transporte público mais caros
No grupo dos Transportes (1,52%), a principal contribuição veio das passagens aéreas (35,22% e 0,10 p.p.), que haviam caído 5,57% em junho. Ainda nos transportes públicos (4,52%), destacam-se as altas do transporte por aplicativo (9,31%) e do ônibus urbano, que subiu 0,38% em decorrência do reajuste de 5,49% nas tarifas em Porto Alegre (5,06%), a partir de 2 de julho.
A alta de 0,34% do subitem ônibus intermunicipal foi influenciada pelo reajuste de 4,83% nas tarifas, também em Porto Alegre (5,39%), a partir de 1º de julho, além da contribuição residual referente ao reajuste de 6,80% nas tarifas em Salvador (1,48%) a partir de 1º de junho.
Os preços dos combustíveis (1,24%) aceleraram em relação a junho (0,87%). Em particular, a gasolina teve alta de 1,55%, enquanto havia subido 0,69% no mês anterior, contribuindo com 0,09 p.p. no índice do mês.
Ainda em Transportes, os veículos próprios, que haviam subido 0,36% em junho, registraram alta de 0,96% em julho. Os automóveis usados (2,23%), as motocicletas (1,41%) e os automóveis novos (0,54%) permaneceram em alta e contribuíram conjuntamente com 0,07 p.p. no IPCA de julho.
Ademais, alguns produtos e serviços relacionados a estes subitens, casos do pneu (1,68%), do seguro voluntário de veículo (1,63%) e do conserto de automóvel (0,67%), tiveram comportamento semelhante. A alta de 5,01% de pedágio foi influenciada por reajustes em diversas praças, a partir de 1º de julho, em São Paulo (6,47%) e em Curitiba (1,00%).
Alimentação e bebidas: tomate sobe 18,65%
Em Alimentação e bebidas (0,60%) a alimentação no domicílio passou de 0,33% em junho para 0,78% em julho, principalmente por conta das altas do tomate (18,65%), do frango em pedaços (4,28%), do leite longa vida (3,71%) e das carnes (0,77%). No lado das quedas, destacam-se a cebola (-13,51%) batata-inglesa (-12,03%), e o arroz (-2,35%).
A alimentação fora do domicílio (0,14%) desacelerou em relação a junho (0,66%), principalmente por conta do lanche (0,16%) e da refeição (0,04%), cujos preços haviam subido 0,24% e 0,85% no mês anterior, respectivamente.
Saúde e cuidados pessoais: planos de saúde mais baratos
A variação negativa do grupo Saúde e cuidados pessoais (-0,65%) reflete a queda no item plano de saúde (-1,36% e -0,05 p.p.), decorrente do reajuste de -8,19% autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 8 de julho, com vigência retroativa a maio de 2021 e cujo ciclo se encerra em abril de 2022. Desse modo, no IPCA de julho foram apropriadas as frações mensais relativas aos meses de maio, junho e julho.
Índices Regionais
Em relação aos índices regionais, todas as áreas pesquisadas apresentaram variação para mais em julho. O maior índice foi registrado na região metropolitana de Curitiba (1,60%), influenciado pelas altas nos preços das passagens aéreas (39,92%) e da energia elétrica (11,34%).
Já o menor resultado ocorreu em Aracaju (0,53%), por conta da queda nos preços do seguro voluntário de veículo (-11,37%) e dos planos de saúde (-1,47%). Veja detalhes no quadro abaixo:
Para o cálculo do índice de julho, foram comparados os preços coletados no período de 29 de junho a 28 de julho de 2021 (referência) com os preços vigentes no período de 28 de maio a 28 de junho de 2021 (base).
Cabe lembrar que, em virtude do quadro de emergência de saúde pública causado pela COVID-19, o IBGE suspendeu, no dia 18 de março de 2020, a coleta presencial de preços nos locais de compra. A partir dessa data, os preços passaram a ser coletados por outros meios, como pesquisas realizadas em sites de internet, por telefone ou por e-mail.
A partir do início de julho de 2021, o IBGE iniciou a retomada gradual da coleta presencial de preços em alguns estabelecimentos, conforme descrito na Portaria nº 207/2021 da Presidência do IBGE.
INPC tem alta de 1,02% em julho
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) apresentou alta de 1,02% em julho, 0,42 p.p. acima do resultado de junho (0,60%). No ano, o indicador acumula alta de 5,01% e, em 12 meses, de 9,85%, acima dos 9,22% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em julho de 2020, a taxa foi de 0,44%.
Produtos alimentícios subiram 0,66% em julho, ficando acima, portanto, do resultado de junho (0,47%). Já os não alimentícios tiveram alta de 1,13%, enquanto em junho haviam registrado 0,64%.
No que diz respeito aos índices regionais, todas as áreas registraram alta em julho. O menor índice foi observado em Rio Branco (0,61%), onde pesaram as quedas nos preços da cebola (-18,44%) e do arroz (-2,24%). A região metropolitana de Curitiba registrou a maior variação (1,82%), influenciada pela energia elétrica (11,68%) e pelos automóveis usados (3,13%).
Com informações: Agência de Notícias IBGE
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