A Raízen, fruto de joint venture entre Cosan e Shell, estreou nesta quinta-feira, 5 de agosto, na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) com a ação RAIZ4 tendo queda diária de 2,16%, cotada a R$ 7,24.

A listagem na B3 veio após a Raízen concluir uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) e movimentar mais de R$ 6 bilhões na operação, com cada ação precificada a R$ 7,40. Todo o valor levantado irá para os cofres da empresa, que irá usar a maior parte do dinheiro para projetos de expansão de energia renovável.

Mesmo ficando um pouco abaixo das estimativas iniciais, que projetavam uma oferta de até R$ 10 bilhões, o IPO da Raízen foi o maior do ano no Brasil até agora. A ação precificada a R$ 7,40 ficou no piso da faixa que ia até R$ 9,60 e, conforme mostra o documento divulgado pela empresa, a movimentação da oferta base inicial chegou a R$ 6.000.001.400,00. Entretanto, o IPO também poderá contar com lote adicional e pacote suplementar, o que envolveria um montante maior.

Raízen (RAIZ4) conclui IPO em 5 de agosto

A Raízen entrou para o mercado financeiro na manhã desta quinta-feira, 5 de agosto, com a ação preferencial RAIZ4, na maior operação do ano. Antes da estreia, ocorreu a tradicional cerimônia na sede da B3 em São Paulo, tendo como participantes o CEO da Bolsa, o CEO e executivos da Raízen, bem como alguns executivos e acionistas das controladoras Shell e Cosan.

Foto: Divulgação/Raízen
Foto: Divulgação/Raízen

"Temos muito orgulho de receber o time da Raízen para comemorarmos juntos um dos maiores IPOs da história da bolsa e a maior oferta em volume financeiro do ano. Essa é, sem dúvida, uma mensagem importante para todo o mercado: os instrumentos de captação de recursos via bolsa têm sido uma grande alternativa para financiar o crescimento das empresas e do Brasil", disse o CEO da B3, Gilson Finkelsztain, antes da RAIZ4 começar a ser negociada.

O CEO da Raízen, Ricardo Dell Aquila Mussa, também discursou no evento de cerimônia, comemorando a trajetória da empresa e citando projeções. "Não foi fácil chegar até aqui, nós temos uma trajetória vencedora, mas também com muitos desafios. Temos uma responsabilidade enorme, nosso papel na sociedade é muito grande, temos um negócio sustentável, do campo ao consumidor final, somos protagonistas do mercado de transição energética e vamos redefinir o futuro da energia", disse Ricardo Mussa.

Assim como consta no prospecto do IPO, com os recursos captados na operação, a Raízen projeta criar novas plantas no segmento de energia renovável, para expandir o empreendimento, tanto na produção quanto na venda dos produtos.

Raízen levanta R$ 6 bi só com oferta base

A Raízen anunciou que seu IPO (sigla para initial public offering - ou Oferta Pública Inicial) contou com distribuição primária de ações preferenciais (PN's) emitidas pela empresa, com 810.811.000 de papéis inicialmente. Desta forma, todos os recursos - líquidos - levantados com o IPO serão destinados ao caixa da empresa, já que não haverá distribuição secundária de ações. A listagem da Raízen aconteceu no segmento Nível 2 da Bolsa de Valores de São Paulo (B3).

Assim, calculando o preço fixado por ação de R$ 7,40 sobre a base inicial de 810,811 milhões de ações, o IPO da Raízen movimenta pouco mais de R$ 6 bilhões.

Mas além disso, o IPO também contará com a possibilidade de negociação de um lote adicional com até 20% da base inicial, sendo um total de 162.162.200, bem como de um pacote sumplementar com até 15% da oferta inicial, sendo 121.621.650 de papéis, caso então haja demanda, o que movimentaria mais recursos.

De acordo com o prospecto, a faixa indicativa traçada para o IPO da Raízen ficou entre R$ 7,40 a R$ 9,60, o que gera então um preço médio de R$ 8,50 por ação. Considerando somente a base inicial, a oferta poderia levantar R$ 6.891.893.500,00 com esse preço médio.

Quem desejou participar da operação teve até o dia 2 de agosto para fazer aportes no IPO da Raízen, segundo o cronograma da oferta. Por sua vez, a precificação da ação pelo Conselho Administrativo da empresa ocorreu na terça-feira, dia 3.

Já que a oferta é primária, todo o dinheiro levantado será destinado ao caixa da Raízen, esta que pretende usar os recursos para fazer o seguinte:

  • Construção de novas plantas para expandir a produção de produtos renováveis e a capacidade de comercialização da companhia (previsão de 80% dos recursos captados);
  • Investimentos em eficiência e produtividade nos parques de Bioenergia (5%);
  • Investimentos em infraestrutura de armazenagem e logística para suportar o crescimento de volume comercializado de renováveis e açúcar (15%).

Estão coordenando o IPO da Raízen as seguintes instituições financeira: BTG Pactual (que é o coordenador-líder), Citi, Bank of America, Credit Suisse, Bradesco BBI, JP Morgan, Santander, XP Investimentos, HSBC, Banco Safra e Scotiabank.

Período de reserva da RAIZ4 no IPO

O documento anterior previa o início da reserva nesta terça-feira, 20. Mas segundo o atual registro na CVM, o período para reserva das ações da Raízen começa na quarta-feira, 21 de julho, e termina em 2 de agosto.

- Veja o prospecto definitivo do IPO da Raízen (RAIZ4) na íntegra.

Na oferta de varejo, o investidor deve respeitar valores mínimo e máximo de R$ 3.000,00 e R$ 1 milhão respectivamente. Por sua vez, os investidores que se enquadram como "qualificados" pelas normas, poderão fazer aportes de R$ 1 milhão a R$ 10 milhões no IPO da Raízen.

Calendário completo do IPO da Raízen (RAIZ4)

Pelo atual calendário das etapas do IPO da Raízen, após o período de reserva houve a fixação do preço por ação em 3 de agosto, sendo esta uma ação feita pelo Conselho de Administração da empresa. Já a estreia da RAIZ4 na B3 está marcada para 5 de agosto com a RAIZ4 fixada a um preço inicial de R$ 7,40.

Veja abaixo o calendário com todas as datas do IPO da Raízen (RAIZ4):

Fonte: Prospecto Preliminar do IPO Raízen/CVM.
Fonte: Prospecto Preliminar do IPO Raízen/CVM.

IPO da Raízen terá Lock-up

Como pode ser visto na agenda acima, há uma data reservada para o chamado "lock-up" no IPO da Raízen, um período em que os investidores que reservaram ações na oferta ficam impedidos de negociar os papéis, sendo uma ferramenta para evitar especulação.

Pelo atual calendário do IPO da Raízen, o lock-up de varejo fecha no dia 13 de setembro e o da oferta private o prazo encerra em 22 de setembro de 2021.

Sobre a Raízen

Fundada em 2011, a Raízen é fruto de Joint venture entre a Cosan, já listada na B3 com a ação CSAN3, e a Royal Dutch Shell (BDR: RDSA34). Atualmente, a companhia é um dos maiores grupos privados do Brasil, tendo mais de 29 mil funcionários espalhados em várias linhas de negócio, sendo as principais: energia, combustíveis e açúcar. A Raízen é considerada líder mundial em biocombustíveis.

Raízen é controlada por Cosan e Shell. - Imagem: Divulgação/Raízen.
Raízen é controlada por Cosan e Shell. - Imagem: Divulgação/Raízen.

A companhia controla a Raízen Energia, que opera no setor renovável. Além disso, houve recentemente a aquisição da Biosev, empresa do setor sucroenergético, para aumentar o portfólio de energia limpa. Com o IPO, a produção de energia nos produtos renováveis da Raízen devem dominar ainda mais o mercado, visto que a empresa pretende investir 80% dos recursos captados com a oferta nessa área.

Destacando seu ponto forte, que é o setor de energia renovável, a Raízen disse pela minuta do IPO que se considera líder mundial de biocombustíveis e um dos grandes nomes globais em sustentabilidade.

"Somos uma das maiores e pioneiras empresas completamente integradas de energia renovável do mundo, operando em toda a cadeia de valor de biocombustíveis e de energia renovável: "do solo-ao-tanque" e da "biomassa-à-eletricidade", disse a Raízen. "O modelo de negócios integrado nos garante controle da nossa matéria-prima, a biomassa para produção do nosso portfólio de produtos renováveis e a distribuição diretamente para pessoas físicas e clientes corporativos através de nossas plataformas de comercialização e redes de distribuição próprias".

Últimos resultados da Raízen

Segundo o balanço de resultados divulgado pela Raízen, a companhia registrou uma receita operacional líquida de R$ 114,602 bilhões no primeiro trimestre de 2021 (1T21), o que representa uma queda de 5% em relação ao mesmo período de 2020.

Por sua vez, o lucro líquido consolidado atingiu R$ 1,524 bilhão entre janeiro a março de 2021, sendo uma retração de 32% na comparação anual, enquanto o ebitda ajustado totalizou R$ 6,594 bilhões após cair 3,6% no período, assim como pode ser comparado na tabela abaixo:

Últimos resultados financeiros e operacionais da Raízen. - Fonte: Prospecto preliminar/CVM.
Últimos resultados financeiros e operacionais da Raízen. - Fonte: Prospecto preliminar/CVM.