A resseguradora IRB (IRBR3) registrou um lucro líquido de R$ 50,8 milhões no primeiro trimestre de 2021 (1T21), o que significa um crescimento de 44,9% em relação a esse período de 2020. Desta forma, a companhia rompe a forte sequência de prejuízos do ano passado.
Pelo relatório divulgado, na noite desta quinta-feira, 13 de maio, a administração do IRB disse que a primeira etapa do erguimento da empresa, chamada de "fase de limpeza", já passou. Agora no decorrer de 2021 o objetivo é colocar em prática a "fase fix", um período de ajustes e de implementação da reestruturação da reseguradora.
"Nessa reestruturação, privilegiaremos os negócios locais e na América do Sul, buscando atuar por especialidade, concentrando esforços nos mercados-chave", disse o IRB.
Por sua vez, a receita operacional líquida ficou em R$ 1,7 bilhão no 1T21, tendo um aumento de 2,9% em relação ao primeiro trimestre de 2020.
Após perdas, o IRB apresentou geração de caixa operacional de R$ 551 milhões ao todo. Ao desconsiderar a quantia de R$ 358 milhões recebida como ressarcimento com a Eletronorte no período, a geração de caixa cai para R$ 176 milhões positivos no 1T21.
Por sua vez, a despesa administrativa do 1T21 teve um redução de 31,4% em relação a esse período de 2020, totalizando R$ 75,1 milhões.
"O objetivo de sanear a Companhia financeiramente está concluído. Iniciamos o ano de 2021 confiantes que será um ano melhor que 2020, e continuaremos a pavimentar a avenida de crescimento sustentável para o ano de 2022", disse a IRB Resseguros.
Segundo o relatório, o prêmio emitido totalizou R$ 1,930 bilhão no 1T21, sendo uma queda de 3,3% na comparação com o primeiro trimestre de 2020. Entretanto, cabe destacar a emissão no Brasil, que cresceu 18,6% no período por causa de bons resultados das linhas patrimonial (+54,4%), vida (+49,8%) e riscos especiais que saltou 135,8%.
Por sua vez, o prêmio retido caiu 10,2% no 1T21, para R$ 1,534 bilhão. Já os prêmios ganhos viram uma baixa anual de 3%, chegando a R$ 1,454 bilhão.
Conforme o esperado pelo IRB, o sinistro retido caiu 8,6% no 1T21, para R$ 1 bilhão. Apesar da pandemia, o índice de sinistralidade apresentou uma melhoria anual de 4,4 pontos percentuais no 1T21, fechando o período a 72,1%, o menor nível dos últimos doze meses:
"A redução da sinistralidade total do 1T21, é reflexo da redução no componente PSL (Provisões de Sinistros a Liquidar), o qual se refere aos avisos de sinistros que a Companhia recebeu no período, e que apresentou queda de 11,5% em relação ao 1T20", disse o IRB pelo relatório divulgado.
Susep encerra fiscalização da IRB
A resseguradora IRB começou a ser fiscalizada pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) em maio de 2020 por insuficiência de provisões técnicas (falta de recursos para cumprimento das obrigações corporativas).
Em 7 de abril de 2021, a fiscalização especial foi encerrada, sendo algo importante para a recuperação da empresa, que veio de 2020 já com fortes perdas e polêmicas. No ano passado, após auditoria externa, foi descoberta uma fraude de quase R$ 60 milhões envolvendo antigos funcionários da resseguradora.
IRB altera governança
Na primeira etapa de recuperação da companhia, a IRB fez alterações em seu time, segregando as funções de presidente do conselho de administração e de diretor-presidente ao cargo de Vice-Presidente Técnico e de Operações.
"Paralelamente, contratamos uma consultoria internacional especializada para buscarmos um novo CEO que avance na construção de resultados crescentes e sustentáveis)", disse a empresa.
Quem é a IRB e como a empresa veio de 2020
IRB é uma empresa de resseguros fundada em 1939 e que opera em todas as linhas de negócios no Brasil e no exterior, oferecendo cobertura de resseguro para diversos riscos. Sediada no Rio de Janeiro, a companhia tem escritórios em São Paulo, Buenos Aires e Londres.
A história da IRB no mercado de ações brasileiro começou em 2017, quando a IRBR3 entrou para a B3. Desde então, a companhia veio crescendo em seu mercado de atuação e recebendo muitos aportes de investidores, de modo a colocá-la entre as gigantes da Bolsa que compõem o Ibovespa, inclusive.
As ações tiveram alta entre os anos de 2017 a 2019, mas em 2020 a IRBR3 sofreu a maior queda da B3. Desvalorizada a 77%, o papel recebeu o negativismo do mercado após a IRB se envolver em fraudes financeiras por parte de antigos diretores, além de outras polêmicas.
Apesar de ter visto lucro no primeiro trimestre de 2020, o IRB teve sequência de perdas e chegou a um prejuízo acumulado de R$ 1,521 bilhão no ano, revertendo um lucro líquido de R$ 1,210 bilhão de 2019.
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