O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, anunciou nesta quinta (18) que pretende privatizar a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). A Corsan faz o abastecimento de água e coleta e tratamento de esgotos em 317 municípios do estado.
O objetivo da desestatização é preparar a empresa para cumprir as novas exigências do Marco Legal do Saneamento, ampliando a capacidade financeira da empresa para dar conta de investimentos de R$ 10 bilhões. A intenção é abrir capital e vender o controle acionário da empresa como já acontece em outros estados, como por exemplo no Paraná com a SANEPAR (SAPR11).
"Vamos buscar junto à Assembleia o apoio para percorrer rapidamente o processo legislativo que vai disciplinar a desestatizaçaÌo. Pretendemos fazer o IPO (abertura de capital) da Corsan, capitalizar a companhia e vender ações. O governo do Estado deixaraÌ de ser o controlador, mas vai manter posição como acionista de refereÌncia. E será como acionista que o governo do Estado continuará presente na definiçaÌo dos destinos da companhia", disse Eduardo Leite.
PEC 280 precisa ser aprovada na ALRS
Para conseguir "vender" parte da estatal, o governo precisa aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC 280/2019), de autoria do deputado estadual Sérgio Turra, que tramita na Assembleia Legislativa e retira a obrigação de plebiscito para privatização de estatais que ainda dependem da consulta popular, segundo a Constituição Estadual.
Essa aprovação é necessária para que o governo possa fazer um projeto de lei que discipline a desestatização. Além disso, com a aprovação da PEC outras estatais como o Banrisul (BRSR6), que já negocia ações na B3, poderiam também passar para o controle da iniciativa privada.
Veja o que diz a Justificativa do texto da PEC 280/2019, no documento que tramita na Assembleia:
"A presente Proposta de Emenda à Constituição Estadual busca retirar do texto constitucional toda e qualquer exigência de consulta plebiscitária prévia, de caráter autorizativo, referente à alienação e/ou transferência do controle acionário, cisão, incorporação, fusão ou extinção de todos os ativos empresariais que o Estado do Rio Grande do Sul possui e que se encontram atualmente albergados sob o manto desse Instituto Constitucional, nos termos do que dispõe a Carta Magna Estadual de 1989, em seu artigo 22, parágrafos 2º e 5º. São especialmente os casos do Banco do Estado do Rio Grande do Sul S.A. - BANRISUL, bem como da Companhia Rio-grandense de Saneamento - CORSAN e da Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul - PROCERGS".
IPO da Corsan deve levantar R$ 1 bilhão
Com o anúncio da abertura de capital (IPO), será feita alienação de mais de 50% do capital da Companhia, havendo uma estimativa inicial de realização em outubro e previsão de capitalização para investimentos na empresa na casa de R$ 1 bilhão, ou seja, recursos para investimento na própria Corsan. O objetivo, com isso, é alavancar e acelerar investimentos em saneamento no RS, atendendo ao interesse público por esse serviço e, com a capitalização, aumentar o interesse privado na compra de ações.
O governo avalia ficar com cerca de 30% da empresa, não sendo mais o controlador da companhia, mas ainda sendo o maior acionista individual da empresa e ajudando a tomar as decisões sobre o futuro da Corsan.
"A nova Corsan que iraÌ nascer deste processo seraÌ uma companhia com maior capacidade financeira para atrair R$ 10 bilhões em investimentos, que vão multiplicar obras pelo Estado nos proÌximos anos, gerando diretamente milhares de empregos e destravando o potencial construtivo de muitas regiões. Estas obras, certamente, irão impulsionar a construção civil e gerar outros milhares de empregos indiretamente", destacou Leite.
O novo Marco Legal do Saneamento Básico, aprovado pelo Congresso no ano passado, extingue os chamados contratos de programa, firmados, sem licitação, entre municípios e empresas estaduais de saneamento. Esses acordos, atualmente, são firmados com regras de prestação de tarifação, mas sem concorrência. Com a nova lei (nº 14.026), abre-se espaço para os contratos de concessão e torna obrigatória a abertura de licitação, podendo, então, concorrer à vaga prestadores de serviço públicos e privados.
"Muito embora tenha investido o maior valor da sua histoÌria em 2020 com um aporte de R$ 417 milhoÌes na ampliaçaÌo das suas estruturas, o fato eÌ que a Corsan naÌo tem capacidade financeira para dar conta destas novas exigeÌncias de universalizaçaÌo. Para cumprir o que determina o novo marco legal do saneamento, seria necessaÌrio, no mínimo, triplicar o niÌvel atual de investimento da Corsan", afirmou Leite.
Atualmente, o Rio Grande do Sul está abaixo dos dos niÌveis de outros Estados na prestaçaÌo dos serviços de saneamento. Apenas 32,3% da população gaúcha tem acesso a esgoto tratado. Em SaÌo Paulo, por exemplo, este percentual é de 90,3%.
- Veja a apresentação do Governo com os dados da Corsan
Venda da Corsan
Com a desestatização da Companhia, o governo projeta:
- R$ 10 bilhões em investimentos, com universalidade de serviço de água e esgoto;
- Geração de empregos, dentro de um contexto de retomada econômica pós-Covid;
- Destravar potencial construtivo de regiões com limites de expansão, como no Litoral Norte;
- Suporte ao aumento do turismo em todo o Estado, com mais abastecimento e esgoto;
- Ganhos de sustentabilidade, na medida em que melhora a proteção de mananciais;
- Diminuição do impacto de futuras estiagens, com um plano de segurança hídrica;
- Cada R$ 1 gasto em saneamento básico economiza R$ 4 em saúde (segundo a OMS);
- Impacto no IDH e na competitividade, com inclusão social e redução de desigualdade;
- Incentivo à tecnologia e à inovação.
*Com informações da assessoria do Governo RS
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