A mineradora canadense Aura Minerals - negociada na B3 por meio dos BDRs AURA33 - poderá ter uma parte de sua produção afetada muito em breve. Isso se dá por causa de uma nova lei estabelecida pelo governo de Honduras.
Localizado na América Central o país está proibindo a extração de minérios a céu aberto em seu território. A informação foi divulgada pela Secretaría de Recursos Naturais e Meio Ambiente de Honduras na última segunda-feira, dia 28.
O problema é que a Aura concetra atualmente cerca de 30% de sua produção nesse país, por meio do campo de San Andres e por isso, a expectativa de fortes impactos no futuro da companhia (mais abaixo, confira os resultados da Aura no 4T21).
Honduras cancela licenças
A decisão do governo de Honduras envolve os seguintes assuntos:
- cancelamento de aprovações de licenças de exploração extrativistas;
- declaração do território hondurenho livre de atividades de mineração a céu aberto;
- mediante aprovação de disposição de moratória mineira para exploração e extração metálica e não metálica, decisão de proceder-se com a revisão, suspensão e cancelamento de licenças ambientais, permissões e concessões; e
- decisão de que áreas de alto valor ecológico serão ocupadas pelo governo para garantir sua conservação.
Sem impactos imediatos, diz Aura
No entanto, segundo a Aura, essa novidade não seria motivo de impactos imediatos. Em nota divulgada nessa terça-feira, dia 1º de março, a empresa disse ter tomado conhecimento da determinação do governo de Honduras e completa afirmando o seguinte:
"A Companhia não espera efeitos imediatos na produção de sua mina de San Andrés em Honduras. A Aura está trabalhando para entender melhor as implicações dos assuntos discutidos no Comunicado e manterá seus acionistas e o mercado devidamente informados sobre quaisquer atualizações".
Resultados da Aura no 4T21
Recentemente a Aura divulgou seus resultados referentes ao 4T21, apontando detalhes, inclusive, sobre a produção da mina de San Andrés. No documento, a Aura afirmou, inclusive, que:
San Andres: Espera-se um aumento adicional de produção em 2022, após atingir um recorde trimestral de produção durante o quarto trimestre de 2021. Espera-se que o crescimento da produção seja o resultado de uma maior eficiência operacional e recuperações e o aprofundamento da Cultura de Mineração 360° da Aura na unidade de negócios.
Apesar disto, uma relação estéril/minério menos favorável, devido ao sequenciamento da mina, pode ter um impacto negativo temporário nos custos de caixa em 2022 em comparação com 2021.
Apesar de San Andres ter um papel importante na produção da Aura, a companhia também atua com bastante força no Brasil e no México, além de estar desenvolvendo atividades na Colômbia.
Segundo o relatório de resultados, 77.594 onças equivalentes de ouro (GEO) foram produzidas no quarto trimestre do ano passado e, desse montante, a produtividade em San Andrés corresponde a 26.652 GEO.
Ou seja, 50.942 GEO de ouro foram produzidas nas outras minas da companhia, incluindo Aranzazu (do México), que teve uma elevação de 30% na produção em 2021. Isso contribuiu para que a empresa encerrasse não só o 4T21, mas também o acumulado do ano com produção anual recorde.
A companhia também teve um Ebitda Ajustado na casa do R$ 185 milhões, um crescimento de 56% na comparação com 2020 e um aumento de 8 vezes em relação a 2018.
Expectativas e novos projetos
A expectativa da Aura era de poder entregar até 400 mil GEO por ano até 2024. Em breve a empresa deverá divulgar se essa continuará sendo sua meta apesar do fim das operações em Honduras.
No fim de 2021 a Aura também anunciou o desinvestimento na mina de Gold Road, nos EUA. a mina havia sido adquirida por um valor simbólico em um leilão, e acabou não dando os resultados que eram esperados e por isso, a companhia interrompeu suas atividades nela.
Por outro lado, a empresa também tem projetos que recém começaram a ser desenvolvidos, como o Matupá (no Mato Grosso) e o Almas, esse último anunciado em dezembro de 2021 e que acontecerá em Tocantins.
Sobre o Matupá, em novembro de 2021, a Aura afirmou que considerando um preço de ouro de US$ 1.800 por onça e 50% de alavancagem, o retorno sobre o patrimônio (ROE) estimado para o Projeto Matupá é de 71,1%, e o valor líquido atual após impostos (NPV) é estimado em aproximadamente US$ 134,1 milhões.
Sobre o Projeto Almas, a Aura disse: "Espera-se que o Projeto Almas gere uma TIR não alavancada de 57% ao ano por 17 anos e mais de 100% ao ano durante a vida útil da mina do projeto (assumindo 50% de alavancagem e um preço do ouro de US$ 1.800 por onça), o que contribuirá significativamente para que a Aura alcance suas metas de crescimento em 2024".
- Veja na íntegra o relatório da Aura sobre o 4T21.
AURA33 despenca
Apesar de a companhia ter divulgado a nota buscando tranquilizar o mercado e os investidores, como já era esperado, os BDRs da companhia viram seu preço despencar na manhã dessa quarta-feira, 2 de março. Foram cerca de 17,10% a menos na cotação até por volta das 14 horas, com cada BDR sendo negociado a R$ 41,80.
Agora o futuro desses papeis depende de uma série de fatores. A empresa pode divulgar planos sólidos para contornar a situação e pode realmente não ser tão afetada, imediatamente, pelo campo de mineração a menos. Mas existe ainda outro ponto que pode favorecer o crescimento da empresa já em breve: a guerra.
Com a previsão de inflação e de mais instabilidade econômica em função da invasão das tropas russas na Ucrânia, empresas que trabalham com rpodutos que normalmente são consideradas reservas financeiras, como é o caso do ouro, tendem a se beneficiar. E esse é o caso da Aura.
Portanto, o momento é, mais uma vez, de esperar e observar para ver o que vai acontecer.
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