Os BDRs do Nubank, negociados na bolsa de valores do Brasil sob o código NUBR33 estão registrando uma alta de mais de 25% nessa terça-feira, 16 de agosto. Os ativos, que equivalem a ações de empresas negociadas no exterior - o Nubank está listado na NYSE, nos EUA - estão sendo negociadas a R$ 4,97 no início dessa tarde, ou seja, tiveram um crescimento de 25,89% em sua cotação.
Mas porque essa alta agora? A principal explicação está na divulgação dos resultados trismestrais da companhia, referentes ao segundo trimestre de 2022 (2T22), que aconteceu na noite dessa segunda-feira, dia 15 de agosto. O balanço era esperado com ansiedade.
Entre os destaques, está o resultado líquido ajustado de R$ 17 milhões, o que representa uma alta de 3,03% em relação aos dados do 2T21, quando a fintech teve um resultado de R$ 16,5 milhões.
Por outro lado, a companhia teve um prejuízo líquido de US$ 29,9 milhões no segundo trimestre do ano, o que representa uma alta de 96,7% em relação aos números apresentados no mesmo período de 2021, quando o prejuízo foi de US$ 15,2 milhões. De alguma forma, porém, esses resultados foram bem recebidos pelos investidores, ainda que muitos especialistas estejam questionando essa alta repentina.
Abaixo, saiba mais detalhes dos resultados apresentados.
Resultados 2T22
Entre os destaques operacionais do banco no período estão:
- Crescimento da base de clientes: Houve um aumento de 5,7 milhões, totalizando 65,3 milhões de clientes no Brasil, México e Colômbia. Isto representa um crescimento de 57% em relação ao mesmo período do ano passado, reforçando a posição do Nu como uma das maiores plataformas de banco digital do mundo.
- Engajamento e taxa de atividade: A receita média por cliente ativo (ARPAC na sigla em inglês) aumentou para US$ 7,8, um crescimento de 105% YoY FXN1. A taxa de atividade bateu uma nova marca histórica, com 80% de crescimento. O Nu se tornou o banco principal para mais de 55% dos clientes que estão há mais de um ano com a companhia.
- Plataforma operacional de baixo custo: O Custo Médio Mensal de Atendimento por Cliente Ativo totalizou US$ 0,8, permanecendo estável em relação ao mesmo período do ano anterior e FXN.
- Qualidade dos ativos: Os indicadores principais permaneceram estáveis, e a qualidade dos ativos seguiu sua normalização após a pandemia: o NPL 15-90 do Nu se manteve estável em 3,7%, enquanto 90+ atingiu 4,1%, em linha com as expectativas.
Já entre os destaques financeiros estão:
- Receita: A receita total do 2º trimestre de 2022 alcançou um novo recorde, de US$ 1.2 bilhão, crescendo 230% FXN comparado ao 2T21, uma vez que o Nu continua tendo eficiência no upselling e cross-selling do portfólio de produtos financeiros.
- Lucro Bruto: Totalizou US$ 363,5 milhões no 2º trimestre de 2022, um aumento de 109% YoY FXN. A margem do lucro bruto foi de 31% no 2T22.
- Lucro líquido ajustado: O Nu registrou Lucro Líquido Ajustado de US$ 17 milhões no 2T22.
- Capital: Em 30 de junho de 2022, Nu continuou a mostrar uma forte posição de capital, com a Nu Financeira atingindo um capital ajustado de US$ 3,9 bilhões, dos quais 79% são caixa ou equivalentes de caixa.
- Liquidez: O Nu reportou um portfólio sujeito a ganhos com juros de US$ 3,2 bilhões, enquanto o total de depósitos atingiu mais de quatro vezes esse valor, US$ 13,3 bilhões.
Nos negócios, os Nubank se destacou com:
- Crescimento da base de clientes: No Brasil, houve um aumento de 51% em comparação a 2T21, chegando a 62,3 milhões, o que representa 36% da população adulta do país. A base de clientes PMEs cresceu 150% em relação a 2T21, subindo para 2 milhões. Isso provavelmente posiciona o Nu como a quinta maior instituição financeira do Brasil em número de clientes. Volume de compras em cartões chegou a US$ 20 bilhões no 2T22, subindo 94% FXN em relação a 2T2021 e posicionando o Nu como uma das top quatro empresas de cartões no Brasil neste 2º trimestre (em relação ao volume de compras).
- Plataforma Multiprodutos: Durante o trimestre, nossos principais produtos - cartão de crédito, NuConta e empréstimos pessoais - atingiram 29 milhões, 45 milhões e 4 milhões de clientes ativos, respectivamente. Lançadas no ano passado, nossas soluções de Seguros chegaram a 700 mil clientes ativos; NuInvest atingiu 5 milhões de clientes ativos; e NuCripto bateu 1 milhão de clientes em julho passado, apenas três semanas após o lançamento para toda a base.
- Lucratividade no Brasil: O NuBrasil, o principal mercado da empresa, alcançou lucro líquido contábil de US$ 13 milhões no primeiro semestre do ano, uma importante marca histórica. A lucratividade dos principais produtos - cartão de crédito, NuConta e empréstimos pessoais - nos permitiu reinvestir estes ganhos em verticais adjacentes no Brasil, e ao mesmo tempo contribuiu com a nossa expansão no México e na Colômbia.
- Expansão Internacional: No México, nosso segundo maior mercado, a base de clientes do Nu cresceu mais de seis vezes em relação a 2T21, chegando a 2,7 milhões. Na Colômbia, atingimos o número de 314 mil clientes. Acreditamos que estamos na primeira posição em emissões de novos cartões de créditos nos dois países e ambos, juntos, adicionaram 700 mil clientes únicos, enquanto mantiveram o NPS em torno de 90 nos dois mercados.
"Tivemos outro trimestre muito forte, com crescimento e lucratividade no nosso negócio. Registramos uma receita recorde e estamos dando grandes passos para nos tornarmos uma plataforma com multiprodutos em diferentes países. Nossa maior operação, no Brasil, é agora lucrativa, tendo registrado um lucro líquido de US$ 13 milhões no primeiro semestre de 2022, resultado do crescimento no número de clientes, que subiu para 65 milhões, e da nossa capacidade de oferecer novos produtos, também em cross-sell. Somos a quarta maior empresa de cartão no Brasil, praticamente um quarto de todas transações de Pix passam por NuContas; e somos líderes na área de investimentos com 5 milhões de clientes ativos. Também estamos diversificando e ganhando escala com Cripto, Seguros, pequenas e médias empresas e empréstimos pessoais. No âmbito internacional, somos o número 1 na emissão de cartões de créditos tanto no México quanto na Colômbia. Aliás, acabamos de receber a aprovação para continuarmos a nossa expansão na Colômbia", diz David Vélez, fundador e CEO de Nubank.
O que dizem os especialistas?
Um dos aspectos que mais preocupa os especialistas é a inadimplência que atingiu o segundo nível mais alto - atrás apenas do pico da pandemia em 6,1% sob a metodologia anterior. Isso faz com que muitos sigam cautelosos em relação ao banco digital.
Além disso, o banco reportou uma desaceleração significativa no crescimento dos empréstimos, o que faz os analistas acreditarem que o ambiente macroeconômico deve continuar pressionando a qualidade dos ativos e, por sua vez, seu apetite a risco.
Assim, o BBI, por exemplo, reafirma a recomendação underperform (desempenho abaixo da média do mercado) para o ativo NU negociado na Bolsa de Nova York, com preço-alvo de US$ 3,30, ou valor 29% abaixo frente o fechamento da véspera.
Para o Itaú BBA, a deterioração da qualidade de crédito também é um sinal de alerta assim como a relação uso do crédito versus inadimplência. Por outro lado, eles também destacam a receita líquida total que superou as expectativas do mercado, assim como a margem ffinanceira que aumentou 22%.
Por fim, o JPMorgan tem recomendação neutra para os ativos, com preço-alvo de US$ 5, ou potencial de valorização de 7% frente o fechamento da véspera. Ele não fica nem no time dos pessimistas e nem dos otimistas, ainda que o prejuízo de US$ 30 milhões tenha sido pior do que o esperado pelo JP.
Youssef Lahrech é o novo presidente
Além dos resultados trimestrais apresentados, nessa segunda-feira, 15 de agosto, o Nubank também anunciou que irá redesenhar a estrutura da administração para apoiar a implementação de um sistema organizacional que ampliará o foco no cliente, a escalabilidade de produtos e serviços e a eficiência de sua plataforma.
As mudanças começam pela gestão. A partir de agora, o presidente do banco passa a ser Youssef Lahrech, que já era o Diretor de Operações (Chief Operating Officer). Mas o atual CEO e fundador do Nubank, David Vélez, continuará à frente da organização, orientando e mantendo a supervisão da gestão operacional, da liderança, cultura e reputação da Companhia.
Além disso, segundo o comunicado divulgado, David priorizará a estratégia de longo prazo, incluindo o desenvolvimento de produtos, a expansão para novos mercados e novas aquisições. Para dar suporte a essas prioridades, o Nu criará a posição de Diretor de Desenvolvimento Corporativo (Chief Corporate Development Officer), que reportará diretamente a David.
"Desde nossa fundação, em 2013, deixamos de ser uma empresa mono-produto de cartões de crédito no Brasil para ser uma plataforma de serviços financeiros multiprodutos e multi geográfica. Esse crescimento cria desafios organizacionais significativos, e o momento é propício para repensarmos nosso modelo de gestão e nos organizarmos para a próxima década de crescimento", disse David Vélez.
Quem é Youssef Lahrech?
Youssef é marroquino e está no Nubank há dois anos como Diretor de Operações onde desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento das estratégias de crédito, no planejamento do portfólio de produtos e nas iniciativas de internacionalização.
Formado em matemática na França e com MBA pelo MIT, o novo presidente do Nubank fez longa carreira na Capital One, a gigante americana de cartões de crédito e empréstimo pessoal.
Agora, como Presidente e Diretor de Operações, ele administrará diretamente a operação, orçamento e o desempenho das métricas-chave para os produtos globais, as plataformas globais, as operações de mercado e as funções corporativas.
"Com mais de 20 anos de experiência no setor financeiro, Youssef desempenhou um papel fundamental no recente crescimento e consolidação do Nubank, gerenciando nossas estratégias de crédito e internacionalização. Estou entusiasmado em oferecer esta nova posição ao Youssef e continuar essa parceria para ampliar nosso alcance, alavancar nossos pontos fortes e impulsionar resultados ainda mais ambiciosos para todos os nossos acionistas", disse David Vélez.
Como fica a nova gestão?
Sob a presidência de Youssef Lahrech, a administração será assim estruturada:
- Cristina Junqueira, co-fundadora e CEO do Brasil, também assumirá a posição de Diretora de Crescimento (Chief Growth Officer), gerenciando as operações da equipe de mercado e as estratégias de crescimento com foco no cliente em Brasil, México e Colômbia.
- Jag Duggal, Diretor de Produtos (Chief Product Officer), liderará a organização dos produtos globais, apoiando a inovação, a centralidade no cliente, a disponibilidade global para o desenvolvimento dos principais produtos e a expansão do portfólio, a fim de impulsionar a jornada de longo prazo do Nu para ser uma empresa global de tecnologia com serviços completos.
- Matt Swann, Diretor de Tecnologia (Chief Technology Officer), liderará a organização das plataformas globais, gerenciando tecnologia, engenharia e dados para apoiar o hiper crescimento através da plataforma de sistemas da Companhia.
- Marco Araujo, Diretor Jurídico (Chief Legal Officer), junta-se à administração, responsável por supervisionar as áreas Jurídica e de Public Policy.
- Guilherme Lago, Henrique Fragelli e Vitor Olivier continuarão em suas funções de Diretor Financeiro (Chief Financial Officer), Diretor de Risco (Chief Risk Officer) e Diretor de Pessoas (Chief People Officer), respectivamente, e continuarão a trabalhar de forma próxima com David Vélez nos resultados e cultura da Companhia.
Quem é o novo presidente do Nubank?
Youssef Lahrech é o novo presidente do Nubank. Ele já atuava há dois anos como Diretor de Operações e agora assume o maior cargo dentro da empresa. Marroquino, Youssef é formado em matemática na França e tem um MBA pelo MIT.
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