As companhias de capital aberto ou que pretendem abrir capital na bolsa de valores estão sempre fazendo as mais diversas operações visando aumentar seu capital, obter recursos para fazer investimentos e realizando transações que facilitem o cumprimento de suas metas. Entre essas operações estão as ofertas de ações.
Elas podem ser primárias ou secundárias, mas para aqueles que estão chegando nesse universo, as diferenças entre elas podem nem sempre ser bem claras. No entanto, entender o que significa uma oferta primária e uma oferta secundária, bem como suas possíveis consequências para a empresa faz toda a diferença na vida do investidor.
Por isso, nesse artigo nós vamos falar sobre cada uma delas. Com isso, será possível identificar as boas oportunidades de compra que surgirem, saber quais os riscos existentes e estar preparado para esse momento. Vamos lá?
O que é a oferta primária?
Uma oferta primária de ações se dá quando uma empresa decide abrir seu capital, ou seja, oferecer ações de emissão própria em uma bolsa de valores. É o chamado IPO, sigla que em inglês significa Initial Public Offering e em português fica Oferta Pública Inicial.
Para fazer um IPO ou uma oferta primária, é preciso passar por todo um processo regulamentado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), cumprindo com uma série de requisitos previstos em normas legais. Em geral esse é um processo que costuma levar alguns meses.
Um desses requisitos, por exemplo, é o de elaborar um prospecto. Ou seja, um documento contendo as perspectiva da empresa a curto, médio e longo prazo, além de seus objetivos, motivos pelos quais ela pretende abrir capital, o que pretende fazer com o valor arrecadado no IPO, etc.
Esse prospecto costuma ser o primeiro contato em profundidade dos possíveis acionistas com a empresa. A partir dele, um investidor em potencial vai analisar a empresa, ver quais são suas perspectivas, entender se ela bate com o perfil de investimentos dele, se vê potencial nela, se o preço médio previsto para as ações é justo, etc. Então, depois disso, decidir se investe ou não na empresa, se participará ou não da oferta primária de ações.
Todo o valor arrecadado por uma empresa em uma oferta primária de ações vai para o caixa dela e, em geral, as companhias que abrem capital costumam utilizar esses valores para financiar suas atividades, para crescer organicamente, para fazer aquisições estratégicas, etc.
Depois de realizada a oferta primária, essas ações que foram colocadas à disposição do mercado começam a ser negociadas no mercado secundário, onde os próprios investidores podem negociar os ativos entre eles.
Follow-on e oferta restrita
A oferta primária também pode ser realizada depois do IPO, isso acontece pelo processo de follow-on, não devendo ser confundido com a oferta secundária. Para o follow-on ocorrer, a empresa realiza o IPO e depois decide emitir mais títulos na B3 e aumentar seu capital.
Assim, são lançados novos ativos no mercado financeiro. Essa oferta é a própria empresa que detém, e assim as negociações são feitas entre a companhia e o investidor. Vale destacar ainda que o follow-on não precisa necessariamente ser público.
Já a oferta restrita ocorre quando uma empresa toma a decisão de vender suas ações para um grupo restrito de investidores. Nesse caso, só os próprios acionistas da empresa ou os investidores profissionais podem participar dessa oferta.
Quais os riscos de uma oferta primária?
Os principais riscos relacionados a uma oferta primária de ações estão relacionados ao fato de que, como aquela empresa, em geral, nunca foi negociada na bolsa, não sabemos ao certo como ela irá se comportar nesse mercado. Então ela pode sofrer oscilações para cima, rendendo lucros aos acionistas que participam do IPO, mas podem oscilar também para baixo.
Claro que essas oscilações sempre podem e provavelmente vão acontecer. Mas quando uma empresa já está listada, você tem como conferir gráficos, ver como ela se comportou nos últimos dias, semanas ou meses e consegue fazer uma avaliação a partir disso. Se ela está fazendo um IPO, fica mais difícil.
O que é a oferta secundária?
Bom, mas e a oferta secundária? Onde que ela entra, então?
Na oferta secundária, não existe comercialização de novos ativos, mas de papéis que já existem no mercado. Ou seja, eles pertencem a acionistas majoritários, que querem vender sua participação na companhia.
Dessa maneira, quando investidores que têm uma grande participação em certos ativos resolvem vendê-los, a negociação passa a acontecer por meio da transferência de capital obtido para esses investidores.
É interessante destacar que essa oferta secundária não necessariamente acontece apenas com ações, ela também acontece com os Fundos Imobiliários (FIIs), por exemplo.
E como se trata de uma oferta pública, seus procedimentos também são regulamentados pela CVM. Depois de ser anunciada e registrada, a bolsa de valores apresenta o cronograma das atividades relacionadas, por exemplo.
Seu principal benefício é o aumento da liquidez dos ativos. Isso ocorre porque um investidor de grande porte oferece sua participação para outros investidores. Sendo assim, haverá mais papéis em livre negociação, facilitando a venda.
Como participar de uma oferta primária ou secundária?
O primeiro passo para participar de uma oferta pública, seja primária ou secundária, é ter conta em um banco ou em uma corretora de investimentos. É por meio delas que você poderá fazer sua oferta e negociação.
O segundo passo é conhecer o seu perfil de investidor, pois só a partir disso você terá condições de avaliar se a compra e venda de ações de uma empresa é um bom negócio para você.
O terceiro passo é ler o prospecto. Eles podem ser longos às vezes e cansativos, mas somente a partir deles é que o investidor poderá conhecer a empresa em sua essência. E se você realmente não quiser ler o prospecto, procure pelo menos, alguma análise, feita por uma boa analista, buscando saber a maior quantidade possível de detalhes sobre a economia, a história, a missão, os valores, os princípios da empresa, assim como sobre o seu mercado, sobre o futuro desse mercado, etc.
Se decidir participar da oferta pública, você terá que fazer uma reserva de ações em seu nome e haverá um período para isso, especificado no cronograma que a empresa terá que divulgar. Nessa reserva, o investidor vai dizer ao banco quantas ações ele quer com base no valor que pode investir naquela empresa.
Ao final do período de oferta ocorrem as negociações para venda dos ativos. Se houver mais demanda que oferta, haverá um rateio, ou seja, uma distribuição, onde as cotas são divididas entre todos os investidores interessados.
E as recompras de ações?
Esse já é um outro processo. Eventualmente, depois de já terem realizado uma oferta primária de ações (e às vezes follow-ons e ofertas secundárias também), uma empresa decide que quer resgatar uma determinada quantia de ações que foram colocadas em circulação no mercado secundários, ou seja, que estão sendo negociadas livremente na bolsa. Nesse caso, o Conselho de Administração da empresa precisa aprovar um Plano ou Programa de Recompra de Ações.
Assim como as ofertas primária e secundária, a recompra de ações também tem regras a serem seguidas pelas empresas, como a apresentação de um período de tempo dentro do qual o plano vai vigorar, a quantidade máxima de ações que serão recompradas pela companhia, etc.
Em geral, os planos de recompra tem como objetivo diminuir um pouco a liquidez das negociações em torno da empresa, buscando assim uma valorização dela, o que pode ser bom também para os acionistas.
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