Preço do gás de cozinha sobe 5 vezes a inflação; por que está tão alto?

De acordo com os dados da ANP, desde janeiro deste ano, o preço médio do botijão de gás já subiu quase 30%. Ou seja, passou de R$ 75,29 no fim de 2020, para R$ 96,89. Essa alta é mais de 5 vezes a inflação acumulada no período, de 5,67%. Descubra abaixo, por que o preço está tão alto.

Preço do gás de cozinha sobe 5 vezes a inflação; por que está tão alto?

De acordo com o economista da FGV, André Braz, o gás de botijão compromete 1,3% do orçamento familiar, em média. Entretanto, esse peso é ainda maior para as famílias de renda mais baixa.

Em alguns lugares, os consumidores chegam a pagar R$ 135 por um botijão de 13 kg - mais de 10% de um salário mínimo. E diante disso, as famílias brasileiras se veem obrigadas a reduzir gastos.

Segundo Juliana Inhasz, coordenadora de economia do Insper, "A gente tem uma sociedade com uma renda baixa, um desemprego elevado, e isso já tem feito com que a gente tenha um brasileiro que consome muito menos".

Mas por que essa alta acontece? Em suma, há 5 fatores que influenciam e pesam sobre o preço do gás. Confira abaixo, quais são.

1 - Câmbio

Algo importante que ajuda a definir o preço do gás de cozinha é o câmbio. Sendo assim, com o real desvalorizado frente ao dólar, é esperado que isso pese, e muito, no bolso do consumidor do Brasil.

De acordo com Juliana Inhasz, "Se a taxa de câmbio é a alta, faz necessariamente com que a gente tem um custo muito maior de importação e isso se reflete no preço final do petróleo e derivados".

2 - Composição dos preços

O preço do gás é composto pelo preço que a Petrobras cobra nas refinarias. Somado a isso, estão os tributos federais (PIS/Pasep e Cofins) e estadual (ICMS), além do custo de distribuição e revenda.

Desde março, os tributos federais sobre o gás de cozinha em botijões de 13 kg estão zerados. Entretanto, eles representam apenas 3% de todo o valor.

3 - Custos operacionais

Os altos custos de produção e de logísitica, também refletem na alta do preço final do botijão. As distribuidoras pagam mais pelo transporte do produto, e esse custo chega ao consumidor.

De acordo com Inhasz, "Os custos operacionais no geral estão, porque o custo de transporte, no limite, aumentou. Isso faz com que esse gás de cozinha chegue de fato mais caro ao fogão do brasileiro".

4 - ICMS

O imposto estadual também tem um grande peso sobre o valor do gás. E para piorar, o valor final pago pelo consumidor em ICMS aumentou em 2021, em alguns estados. Isso ocorreu porque o imposto é cobrado a partir de uma estimativa de preço médio pago pelos consumidores.

5 - Petróleo

Por fim, o gás de cozinha tem origem do petróleo. E os preços internacionais do petróleo tiveram uma forte alta em 2021. Dentre as razões, está a recuperação do consumo internacional após o forte declínio de 2020, por conta da pandemia.

Desde o início de 2021, o preço internacional do barril de petróleo já aumentou mais de 40%. Sendo assim, ao ter em sua política de preços, levar em conta a variação do mercado externo, a Petrobras aumentou os seus preços aqui, diante do aumento no exterior.

De acordo com André Braz, "O gás, como um bom derivado de petróleo, segue a tendência dos outros combustíveis e acumula uma alta histórica".