Uma tensão norte-americana rompe fronteiras e começa a preocupar os especialistas. Após as fortes tentativas de lidar com a covid-19, é sabido que os Estados Unidos, uma das maiores potências do mundo em PIB, estão enfrentando no momento um cenário de juros altos que ameaça desacelerar a economia do país, movimento chamado de recessão.
Em junho, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve Bank (FED), banco dos Estados Unidos, elevou em 0,75% a taxa de juros do país, no maior aumento desde 1994. Inclusive, no relatório que trouxe a decisão, o próprio Fomc já anunciou mais prováveis aumentos em breve.
"A inflação permanece elevada, refletindo desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia, preços mais altos de energia e pressões mais amplas sobre os preços.
A invasão da Ucrânia pela Rússia está causando enormes dificuldades humanas e econômicas. A invasão e os eventos relacionados estão criando uma pressão ascendente adicional sobre a inflação e estão pesando sobre a atividade econômica global. Além disso, os bloqueios relacionados ao COVID na China provavelmente exacerbarão as interrupções na cadeia de suprimentos. O Comitê está altamente atento aos riscos inflacionários.
O Comitê busca alcançar o máximo de emprego e inflação à taxa de 2% no longo prazo", disse o Fomc em relatório.
Além disso, o órgão do banco central norte-americano trouxe as projeções econômicas do país para os próximos anos. A previsão de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos em 2023 caiu de 2,2% para 1,7%. Em 2024, a expectativa é um avanço de 1,9% ante 2,0%. Para 2022, a economia americana deve agora crescer 1,7%, ante projeção de 2,8%.
A atividade econômica norte-americana contraiu 1,5% no primeiro trimestre de 2022.
Projeções de instituições de relevência global no mercado convergem e também apontam para breve retração econômica nos EUA. O Bank of America, por exemplo, divulgou recentemente relatório com projeção atualizada de crescimento de PIB dos Estados Unidos, com baixa de 2,5% para 1,5% já no segundo trimestre desse ano.
Além de tudo, apesar de ser classificada como baixa pelo Fomc, o órgão também anunciou que a taxa de desemprego nos EUA vai subir nos próximos anos, devendo ser de 3,7%, 3,9% e 4,1% em 2022, 2023 e 2024, respectivamente. Em março, a previsão era de 3,5%, 3,5% e 3,6%, respectivamente.
Dessa maneira, a situação dos EUA é preocupante e tudo indica que a economia do país deve recuar em breve. O cenário foge do solo norte-americano, pois uma recessão em uma nação tão relevante para a economia mundial impactaria diversos outros países, incluindo o Brasil.
Diante da preocupação global de recessão nos EUA, investidores e analistas já devem se preparar para um ano econômico complicado, visto que algumas empresas podem sofrer mais do que a maioria. Confira abaixo algumas delas.
Recessão nos EUA: veja quais empresas brasileiras podem sofrer
Mesmo com portfólio variado de atividades e produtos, em vários países, as empresas que atuam em escala global estão expostas aos acontecimentos nos Estados Unidos. Seja por conta direta dos juros, seja por impacto nas operações. A Lista conta com as seguintes empresas brasileiras:
- JBS
- Gerdau
- Embraer
- Petrobras
- Vale
- Marfrig
- Suzano
JBS
A JBS é uma das gigantes da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) expostas ao mercado global. A empresa é uma multinacional de origem brasileira, considerada como uma das líderes mundiais da indústria de alimentos. Dessa maneira, a companhia enfrenta os juros altos que assolam tanto o Brasil quanto os Estados Unidos, por exemplo.
Com sede na cidade de São Paulo, onde fica a sede da bolsa brasileira, hoje a JBS está presente em mais de 20 países, atuando forte nas Américas:
No relatório de resultados do primeiro trimestre, a JBS reportou receita líquida de R$ 90,866 bilhões. De tudo, R$ 28,990 bilhões vieram da unidade JBS Beef North America. Além disso, a empresa estadunidense Pilgrim's Pride, que pertence ao Grupo JBS, gerou receita de R$ 22,173 bilhões. Em suma, uma desaceleração nos Estados Unidos impactaria as atividades da empresa.
Gerdau
A Gerdau é a maior produtora de aço e uma das principais fornecedoras de aços longos nas Américas e de aços especiais no mundo. No Brasil, também produz aços planos e minério de ferro, atividades que ampliam o mix de produtos oferecidos ao mercado e a competitividade das operações. As informações são da própria empresa.
No primeiro trimestre desse ano, a receita líquida da Gerdau atingiu R$ 20,330 bilhões, alta de 24% em relação ao mesmo período de 2021, mas queda de 6% frente ao trimestre anterior. Pelo relatório, dentre os motivos, a empresa disse que o recuo trimestral da receita foi causado por baixa de 4% no volume de vendas e de 18% na exportação dos produtos.
Na América do Norte, que inclui todas as operações no Canadá e Estados Unidos, exceto aços especiais, bem como a sede no México, a produção e venda de aço no primeiro trimestre teve queda anual de 3% e 3%, respectivamente, segundo o relatório da Gerdau.
Como pode ser visto no relatório abaixo, o desempenho trimestral da Gerdau no Brasil veio impactado com forte queda nas vendas, principalmente nas exportações de aço longo e plano.
Embraer
A Embraer é uma das empresas brasileiras que ganharam espaço do mercado global, sendo considerada a terceira maior fabricante de jatos comerciais do mundo. Para manter a presença, a companhia possui indústrias, escritórios e centros de distribuição de peças para aeronaves espalhados pelas Américas, Ásia e Europa.
Essa expansão da Embraer é institucional e foi projetada pelos executivos da empresa, que miram a exposição global da companhia.
Há de se considerar a paralisação na empresa em janeiro devido a uma reintegração sistêmica e legal da unidade de negócio da aviação comercial, o principal segmento global, mas certo é que a receita líquida consolidada da Embraer encolheu 31% no primeiro trimestre para R$ 3,07 bilhões. O motivo para o recuo, segundo a empresa, é também fruto de redução na receita de 44% nessa mesma linha, devido à expectativa de entregas menores de aeronaves no trimestre. Outros principais segmentos também tiveram quedas:
As maiores exportadoras do Brasil
O ranking da revista Exame, o "Melhores e Maiores", feito em 2020, mostra que as gigantes brasileiras faturaram mais de R$ 3,6 trilhões no ano. Na lista constam exportadoras de produtos, ou seja, companhias que estão expostas ao mercado global.
Veja abaixo algumas das empresas brasileiras que podem sentir a recessão nos Estados Unidos do Brasil, especialmente no aspecto exportação:
- Petrobras (PETR4): grande exportadora de petróleo e derivados;
- Vale (VALE3): maior exportadora de minério de ferro e pelotas do mundo, com os Estados Unidos entre os principais clientes, vale mencionar;
- Marfrig (MRFG3 ): gigante global de carne bovina cuja receita deu-se em 90% em dólar no 1º trimestre de 2022, com operação concentrada na América do Norte;
- Suzano (SUZB3): recebe demanda global de produtos, que são dolarizados.
O que é recessão?
Basicamente, recessão é o nome dado para a desaceleração econômica em um país, cuja escala pode variar.
Quais empresas brasileiras podem sofrer se houver recessão nos EUA?
Principalmente empresas cujo faturamento depende de operações no exterior.
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