O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central acaba de encerrar a quinta reunião de 2022 e de divulgar sua decisão: a Selic, taxa básica de juros brasileira, vai subir para 13,75%. Um aumento de 0,5 ponto percentual e o 12º aumento consecutivo.
Esse aumento já era esperado pelo mercado financeiro, como reflexo da inflação que ainda causa impactos na economia brasileira, já que a Selic é a principal ferramenta do BC para controle da alta de preços e da desvalorização do real.
Além disso, o próprio Copom já havia previsto essa possibilidade no relatório divulgado ao fim do último encontro. Veja abaixo o que disse o Copom ao fim dessa reunião e saiba como esse novo ajuste impacta em sua vida financeira.
Selic deve estabilizar
Segundo o relatório divulgado pelo BC, as expectativas de inflação para 2022, 2023 e 2024 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 7,2%, 5,3% e 3,3%, respectivamente e, esse cenário supõe trajetória de juros que termina 2022 em 13,75% a.a., reduz-se para 11,00% em 2023 e 8,00% em 2024.
O relatório diz ainda o seguinte:
O Copom considera que, diante de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista. O Comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.
O Comitê avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, em sua próxima reunião. O Copom enfatiza que seguirá vigilante e que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas. Nota ainda que a incerteza da atual conjuntura, tanto doméstica quanto global, aliada ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional em sua atuação.
Ou seja, um novo ajuste não é completamente descartado, mas nesse momento ele é pouco provável.
O que é a Taxa Selic?
O termo Selic é uma sigla, e significa Sistema Especial de Liquidação de Custódia. Ele é responsavel por registrar todas as operações relacionadas aos títulos escriturais do Tesouro Nacional. O que acontece é que boa parte destes ativos é comprada pelos grandes bancos. Por lei, eles são obrigados a direcionar uma porcentagem de seus depósitos a uma conta do BC.
O volume de operações bancárias em um único dia é muito grande. Ao somar o montante de todas as instituições, o total é ainda maior. Então, o BC impõe que os bancos devem fechar o dia com o caixa equilibrado. O objetivo é evitar excesso de dinheiro em circulação, e, consequentemente controlar a inflação.
Para isso, as instituições fazem empréstimos entre elas. Há uma taxa de juros e também a emissão de títulos de curtíssimo prazo (1 dia). Assim, é feita uma média ponderada e ajustada que é divulgada diariamente. Ela é a taxa Selic Overnight. No ano, ela é a taxa Selic anual.
Por isso, a Selic é tida como a taxa básica de juros da economia, pois ela é utilizda como base para todas as demais taxa de juros e serviços financeiros. E assim também que ela ajuda, normalmente, a conter a inflação, pois quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Por que a Selic vem sendo elevada?
Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. O lado ruim é que desse modo as taxas mais altas podem dificultar a recuperação da economia.
Por outro lado, quando o Copom reduz a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica. Foi exatamente isso aconteceu ao longo de 2020 quando a Selic chegou a 2% ao ano, patamar mais baixo de sua história desde o início da série histórica, em 1996.
E agora o Brasil vive um momento bem difícil ainda que melhoras já tenham sido observadas. Com a instabilidade econômica que se instalou, em função da pandemia, situação que chegou a resultar em uma recessão técnica da economia, já que o PIB teve quedas significativas em trimestres recentes, o ideal seria ter uma Selic mais baixa para estimular o consumo. Isso não é possível, porém, por nos últimos 12 meses, a inflação já acumula uma alta de 11,89% nos últimos 12 meses.
Dessa forma, o Copom vem elevando a Selic com o objetivo de tentar controlar essa inflação. Nesse cenário, não há como escapar, de uma forma ou de outra ela vai impactar no seu bolso.
Como a alta da Selic impacta na nossa vida?
A Selic impacta de diversas formas na vida financeira dos brasileiros e engana-se quem pensa que apenas investimentos são afetados. Na verdade, por ser a taxa básica de juros, aqueles que possuem dívidas ou que pretendem fazer um financiamento, por exemplo, são diretamente impactados também.
Além disso, o rendimento da poupança também muda. Nesse caso, a notícia é boa, pois a caderneta está rendendo atualmente cerca de 0,5% ao mes (6% ao ano) + Taxa Referencial (TR). O rendimento em si não deve ser alterado, pois sempre que a Selic fica acima de 8,5% ao ano, a Poupança passa a render 6% fixos. No entanto, a TR vem sendo afetada, aumentando, assim, o rendimento da poupança.
As aplicações que rendem com base do CDI, como é o caso de diversas contas digitais, também são diretamente impactadas, porque o CDI sempre segue de perto a Selic. Até essa quarta-feira, dia 3, quando a Selic estava em 13,25%, o CDI estava em 13,15% ao ano. Há alguns descontos do Imposto de Renda, mas ainda assim é um bom rendimento.
Há ainda outros tipos de investimento que são impactados pela Selic, como os títulos do Tesouro Direto, especialmente Tesouro IPCA e Tesouro Selic. Há ainda os título LCI e LCA que costumam render um pouco menos do que o CDI, mas com base nele também, e que por isso também devem ver seus rendimentos subirem.
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