Tesouro Nacional sofre ataque hacker; Tesouro Direto não foi afetado, diz B3

O Tesouro Nacional, divisão do Ministério da Economia do Governo Federal foi vítima de um ataque hacker na última sexta-feira, 13 de agosto. De acordo com informações divulgadas pelo ministério no sábado, dia 14, o ataque se deu por meio de um ransomware, ou seja, um vírus que sequestra o acesso a dados criptografados.

De acordo com o Ministério, ainda não se pode afirmar com exatidão quais são os efeitos desse ataque. Eles estão sendo avaliados, desde sexta-feira, por umaequipe de segurança da Secretaria do Tesouro Nacional e da Secretaria de Governo Digital. Porém, o órgão garantiu que assim que o ataque foi identificado, medidas de contenção foram aplicadas ao sistema.

"Nesta primeira etapa, avaliou-se que a ação não gerou danos aos sistemas estruturantes da Secretaria do Tesouro Nacional, como o Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI) e os relacionados à Dívida Pública", declarou o governo em nota.

Além disso, a Polícia Federal também foi imediatamente acionada para iniciar a investigação e identificar quem está por trás desse ataque, que compreende um crime. Ainda nessa segunda-feira, 16 de agosto, novas informações podem ser divulgadas a respeito do caso.

Nota

Leia a íntegra da nota do Ministério da Economia sobre o ataque hacker:

"Foi identificado na noite de sexta-feira (13/8) um ataque de ransomware à rede interna da Secretaria do Tesouro Nacional.

As medidas de contenção foram imediatamente aplicadas e a Polícia Federal, acionada.

Os efeitos da ação criminosa estão sendo avaliados, neste primeiro momento, pelos especialistas em segurança da Secretaria do Tesouro Nacional e da Secretaria de Governo Digital.

Nesta primeira etapa, avaliou-se que a ação não gerou danos aos sistemas estruturantes da Secretaria do Tesouro Nacional, como o Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI) e os relacionados à Dívida Pública. As medidas saneadoras estão sendo tomadas.

Novas informações sobre o assunto serão divulgadas tempestivamente e com a devida transparência."

Tesouro Direto não foi afetado

Após esses acontecimentos, nessa segunda-feira, 16 de agosto, a B3 divulgou uma nota informando que o ataque de ransonware sofrido pela rede interna da Secretaria do Tesouro Nacional não afetou de forma alguma a plataforma do Tesouro Direto, título público emitido pelo Tesouro Nacional e um dos principais tipos de investimentos em renda fixa disponíveis aos brasileiros.

A B3 informou ainda que as compras e vendas desses títulos "continuam podendo ser realizadas normalmente".

Não é a primeira vez que esses ataques acontecem

Nã é a primeira vez que esse tipo de ataque acontece contra órgão públicos no Brasil. Na verdade, em todo o mundo eles vêm se tornando bastante comuns. Para citar um exemplo, em maio deste ano, um ataque semelhante aconteceu ao sistema de saúde da Irlanda, causando um transtorno gigantesco ao governo, em plena pandemia.

Nesse tipo de ataque, em geral, os criminosos costumam solicitar uma quantia em dinheiro para que os dados sequestrados sejam liberados. Foi o que aconteceu na Irlanda. Lá, porém, o governo se negou a negociar com os criminosos e durante algumas semanas o governo e as instituições de saúde permaneceram sem acesso ao sistema até que tudo fosse reestabelecido.

Além disso, em novembro de 2020, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) também foi alvo de um ataque hacker que bloqueou a base de dados dos processos. O caso foi considerado por peritos como o mais grave ataque cibernético em órgãos públicos brasileiros até então.

Como medida de precaução à época, o acesso do tribunal à internet foi derrubado, o que levou ao cancelamento das sessões de julgamento e impossibilitou o funcionamento dos sistemas de informática e de telefonia do STJ.

Outro caso foi o do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul que também sofreu uma invasão nos sistemas de informação em novembro de 2020.

A partir desses ataques o presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Luiz Fux, decidiu instituir um comitê para atualizar a política de segurana digital do Judiciário. O mesmo talvez aconteça em relação aos órgão do Governo Federal.